quarta-feira, 31 de março de 2010





Um sonoro “não” e o polígrafo confirmou: ele disse a verdade. “Não” foi a resposta de Juca Chaves quando Sílvio Santos perguntou se ele trairia sua esposa mesmo que ela não tivesse como descobrir. Não, ele não trairia. Juca Chaves teve o aval do polígrafo, “a máquina da verdade”, e a aclamação velada do público. Fidelidade é assunto careta para alguns, está fora de moda na tevê, mas, aposto, sem precisar de nenhuma pesquisa, que nove entre dez mulheres gostariam de ter um marido fiel. Nove. Chutando pra baixo.

Fora das telas de tevê e das máquinas da verdade, as mulheres ainda querem fidelidade. As mulheres ainda acreditam em promessas de xampus caros e homens baratos. Compramos sonhos, promessas, juras de amor eterno. Dizemos que os homens são todos iguais, mas queremos escolher a dedo. E, na verdade, nós, mulheres é que somos todas iguais. Seguimos um padrão de beleza (ou nos frustramos por não estar no dito modelo). Compramos xampus de noventa e seis reais com o rótulo em francês e uma linguagem inventada que diz: Masquintense. Acreditamos na pró-vitamina, nas ceramidas, na queratina e em todos os outros nomes tirados de traz da orelha dos publicitários como ceraflash, cera liss system, serum-reparador e uma lista sem fim. Acreditamos simplesmente porque queremos acreditar. No fundo, sabemos que rótulos e nomes estranhos em línguas não identificadas são criados por publicitários. Acreditamos em creme-anti celulite, em remédio para emagrecer em duas semanas, em cara-metade ou no amor das nossas vidas. Acreditamos no pra sempre que nunca se acaba, ao contrário do que dizia Renato Russo. Fazemos planos de encontrar a pessoa certa. Casamos com votos de até que a morte nos separe. Exigimos exclusividade, fidelidade, sinceridade, transparência, respeito, cumplicidade. A lista é extensa e, nesse ponto, somos todas iguais.

Confesso que me deu uma pontinha de inveja da esposa do Juca Chaves. Quer declaração de amor maior que essa, em rede nacional? Eu não faria mesmo que minha esposa jamais fosse descobrir. Pra mim, essa é a verdadeira fidelidade. É a fidelidade da intenção. É simplesmente não ter vontade de fazer. Não apenas ser fiel porque alguém vai ficar sabendo, porque respeito meus filhos, porque sou um cara casado. Não. É porque não tenho vontade. Caraleo! É por isso que todas nós, mulheres, esperamos (sentadas). Esperamos que a gente não precise pedir, implorar, obrigar. Ninguém é obrigado a namorar, a casar e a ficar junto. Ficamos porque queremos. Namoramos, juntamos, casamos pra garantir exclusividade. Aliança, coleira ou gps não são garantia de nada e sabemos muito bem disso. Então, a única garantia que temos é a intenção do outro.

Eu sei que muita mulher toma chifre e finge que não vê ou simplesmente não liga e também faz o mesmo. Mas to dizendo de mim e da maioria das mulheres que conheço. A mulher que não quer dividir o cara que tem dentro de casa, a mulher que não quer homem chegando de madrugada com cheiro de perfume barato, a mulher que abomina o estilinho Reginaldo Rossi de ser. Foi-se o tempo em que as mulheres ficavam em casa fazendo tricô enquanto seus maridos boêmios comiam putas no centro da cidade. Hoje, mesmo ainda acreditando em promessas de homens e xampus, somos independentes, somos livres pra fazer nossas próprias escolhas, somos pouco tolerantes e sabemos muito bem o que queremos. Queremos alguém para quem fidelidade não é obrigação, é uma escolha.

terça-feira, 30 de março de 2010

Amor feinho.

 

"Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho."

(Adélia Prado)

domingo, 28 de março de 2010

PRA VOCÊ (L)


Olho pela sacada da minha casa e vejo você chegando. Corro para o enorme espelho do meu quarto e repito em mantra: eu não gosto dele, eu não gosto dele, eu não gosto dele.

Tenho quase 18 anos e consegui estragar todos os meus relacionamentos simplesmente porque gostei demais das pessoas. Dessa vez quero acertar, por isso, combinei comigo que apesar de estar morrendo por você, não gosto de você.


Espero você tocar a campainha olhando o escuro pelo olho mágico. Meu coração dispara mas eu mando ele parar. Estraguei todos os meus relacionamentos de tanto que meu coração dispara. Dessa vez quero acertar, dessa vez quero que alguém fique comigo ao menos um mês sem me achar louca. Cansei de sempre ser a garota louca que espanta todo mundo.


Você tem cheiro de roupa limpinha com mente suja e eu quero te rasgar inteiro. Mas apenas te dou um beijinho no rosto. Preciso me comportar. Ser como as minhas amigas que se dão bem e arrumam namorados apaixonados. Há anos que eu rasgo os rapazes, enlouqueço, me apaixono, devoro. E termino sozinha no Espaço Unibanco querendo morrer enquanto olho sem fome para o pacotinho com dez mini pães de queijo. E os caras morrendo de medo de mim.


Chega. Dessa vez vou acertar. Não vou chorar na sua frente porque acho um absurdo estar viva, não vou pirar porque deu quatro da manhã e eu tenho a impressão de que a noite é uma coisa de pirar a cabeça. Não vou beijar sua nuca no meio da noite e gostar de você como naquela canção do Legião que diz que é como se não houvesse amanhã. Eu gosto das pessoas pelo prazer de gostar e não porque deu tempo de gostar delas. E ninguém entende nada. E todo mundo se assusta. Mas prometo ser uma mulher normal dessa vez.


Você não sabe porque eu não te atendi o dia todo. Eu te conto que é porque estava muito ocupada. Minhas amigas sempre usam essa desculpa e sempre namoram. Eu era a louca que nem esperava os caras ligar e já ligava pra eles. Mas dessa vez to ignorando o telefone. Mesmo que ele fique no meio das minhas pernas o dia todo esperando um telefonema seu. Mas você jamais vai saber disso.


E jamais vai saber mesmo, sabe por que? Porque você é o primeiro homem do mundo que não sabe que eu tenho esse site. Chega. Todos os homens morrem de medo desse site e eu não agüento mais essa porra dessa solidão que me dá toda vez que procuro um pouco de amor nos beijos e abraços curtos que alguém me dá só pra poder transar depois. Chega. Você não vai saber nem a pau que eu tenho esse site e muito menos que eu gosto de você e escrevo sobre você.


Aí você fala que vai cortar o cabelo e eu quero implorar pra você não cortar. Porque essas suas mechas acabam comigo. O cheiro do seu cabelo. A maneira descabelada que você usa pra parecer arrumado. E eu amo a sua cara de argentino e que você odeia os argentinos. E eu amo como a sua calça nova cai bem em você e como você fica elegante de all star. E eu quero te pedir pra deixar tudo como está e não cortar minhas mechas prediletas de todas as mechas. Você me salvou. Eu não agüentava mais pensar nos mesmos caras que eram sempre os mesmos caras. Você é novinho em folha e eu sou louca por você. Mas tudo isso eu não te conto pra você não achar que eu sou louca. Chega. Dessa vez vou fazer tudo certo.
E você nem sonha que eu sou bipolar, quero ser mãe e acredito no amor da vida. Acredito no amor pra sempre. Acredito em alma gêmea. Você nem sonha com essas coisas porque só conversamos coisas leves e engraçadas. Chega de ser a louquinha intensa. Maior legal beijar e se divertir com a louquinha intensa, mas quem agüenta o tranco de me assumir, de me amar? Ninguém. Chega.

E você pede pra fazer xixi e faz o xixi baixinho. E eu corro no espelho de novo e repito cem vezes que não gosto de você. Não gosto de você. Não gosto de você.


Porque se eu gostar de você, eu sei que você vai embora. E eu simplesmente não agüento mais ninguém indo embora. Porque nessa vida maluca só se dá bem quem ignora completamente a brevidade da vida e brinca de não estar nem aí para o amor. E eu preciso me dar bem e por isso ignoro minha urgência pelo amor. Porque se você sentir urgência em mim, vai é correr urgente daqui. Chega.


E você implora pra gente finalmente transar. Já é a sexta vez que você vem aqui. E eu quero muito. Muito. Porque você tem a voz mansinha e só fala coisa inteligente. E você é cínico sem ser maldoso. E graças a Deus você não é publicitário. E nem é amigo dos meus amigos. E ta cagando para as meninas bonitas do seu Orkut porque você pira em mim. E eu quero transar com você e te contar que escrevo sobre você e que morro pelos seus braços . Mas não, não. Estou morrendo de vontade de ser eu mas ser eu só tem me feito perder e perder. E eu quero ganhar. Só dessa vez. Chega.


E eu quero me dar de bandeja pra você. E dentro de mim uma voz diz: pira Clara, enlouquece. Vive um dia e já está bom. Depois eu demoro semanas pra me levantar mas pelo menos fui intensa e vivi um dia. Mas não agüento mais nada disso. Quero viver uma história. Por isso dessa vez não vou transar e nem gostar de você. Tchau. Peço pra você ir embora. E você jura que eu não estou nem aí pra você. Melhor assim. Dessa vez quero fazer tudo certo. Chega de fazer tudo errado.


E eu te espio da janela, indo embora. E quero berrar o quanto gosto de você. E te pedir em namoro. E rasgar sua roupa. E te comer. E dormir enroscada no seu cabelo. E te mandar flores amanhã. E mais uma vez agir como um homem. Mas eu cansei de ser homem. Chega de usar o pinto que eu não tenho pra foder comigo. Eu sou menina. E meninas só transam depois do sexto encontro. Ou depois que o cara fala que gosta delas. Dessa vez vai ser assim. Chega.


E se você não se apaixonar por mim mesmo com todo esse teatro de moça banal que eu estou fazendo, vai ser a prova que eu precisava pra saber que você realmente vale a pena.

sexta-feira, 26 de março de 2010

O último.


 Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba, que eu tenho pena de como o mundo era bobo antes da gente se conhecer.
Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre?
Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa, eu descobri que vale a pena ficar três horas te olhando sentada num sofá mesmo que o dia esteja explodindo lá fora.
E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam.
Quando a gente foi ver o pôr-do-sol na Praça do sol, eu, você e a Kiara, a minha cachorrinha mala, e a gente ficou abraçado, e a gente se achou brega demais, e a gente morreu de rir, eu senti um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o nosso coração acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais.
Eu olhei para você com aquela sua blusa de manga comprida que te deixa com tanta cara de homem e me senti tão ao lado de um homem, que eu tive vontade de ser a melhor mulher do mundo.
E eu tive vontade de fazer ginástica, ler, ouvir todas as músicas legais do mundo, aprender a cozinhar, arrumar seu quarto, escrever um livro, ser mãe.
E aí eu só olhei pra bem longe, muito além daquele Sol, e todo o meu passado se pôs junto com ele. E eu senti a alma clarear enquanto o dia escurecia.
Eu te engoli e você é tão grande pra mim que eu dedico cada segundo do meu dia em te digerir. E eu não tenho mais fome, e eu tenho que ter fome porque eu não quero você namorando uma magrela. E eu sonhei com você e acordei com você, e eu te olhei e falei que eu estava muito magrela, e você me mandou dormir mais, e me abraçou.
Eu preciso disfarçar que não paro mais de rir, mas aí olho pra você e você também está sempre rindo. Se isso não for o motivo para a gente nascer, já não entendo mais nada desse mundo.
E eu tento, ainda refém de algumas células rodriguianas que vez ou outra me invadem, tentar achar defeito na gente, tentar estragar tudo com alguma sujeira.
Mas você me deu preguiça da velha tática de fuga, você me fez dormir um cd inteiro na rede e quando eu acordei o mundo inteiro estava azul.

Engraçado como eu não sei dizer o que eu quero fazer porque nada me parece mais divertido do que simplesmente estar fazendo. Ainda que a gente não esteja fazendo nada.
Eu, que sempre quis desfilar com a minha alegria para provar ao mundo que eu era feliz, só quero me esconder de tudo ao seu lado.
Eu limpei minhas mensagens, eu deletei meus emails, eu matei meus recados, eu estrangulei minhas esperas, eu arregacei as minhas mangas e deixei morrer quem estava embaixo delas. Eu risquei de vez as opções do meu caderninho, eu espremi a água escura do meu coração e ele se inchou de ar limpo, como uma esponja. Uma esponja rosa porque você me transformou numa menina cor-de-rosa.
Você me transformou no eufemismo de mim mesma, me fez sentir a menina com uma flor daquele poema, suavizou meu soco, amoleceu minha marcha e transformou minha dureza em dança. Você quebrou minhas pernas, me fez comprar um vestido cheio de rendas e babados, tirou as pedras da minha mão.
Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final. 

(Tati Bernardi)

quarta-feira, 24 de março de 2010

 

Acabo de chegar em casa e ver tudo diferente. Ainda estou fechando os olhos e tentando encontrar a parte mais quente das suas costas. Ainda estou com este riso bobo na cara, matando a saudade de ter quinze anos e uma vida linda pela frente.
Pode ser mesmo que isso passe, pode ser que amanhã eu acorde e você tenha ido embora. Ainda assim, ainda que amanhã chegue para estragar tudo, poder chegar em casa e ver tudo diferente já são milhões de quilômetros rodados. Zilhões.
Você não sabe, nem sonha, mas você acaba de zerar minha vida. Minha vida era acordar todos os dias e sentir aquele gosto de merda na boca. Minha vida era vestir a armadura e relembrar com dor pela milésima vez todos os últimos podres de todos os caras podres que passaram ultimamente pela minha vida. Você acaba de zerar tudo. Com a parte mais quente das suas costas, com o seu medo de beijo na orelha e com o seu jeito de se desculpar por ser tão tímido e balançar os pés, você acaba de me salvar.
Este texto é pra te falar uma coisa boba. É pra te pedir que não tenha medo de mim. Sabe esses textos que eu publico aqui falando putaria? Sabe esses textos falando que eu sei disso e sei daquilo? Eu não sei de nada. Eu só queria ser salva das pedras, eu só queria aprender a pegar carona nas ondas. Eu só queria que isso que eu tô sentindo agora durasse mais de uma semana. Eu só queria poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de fato é. E você salvou minha vida. O mundo está lindo. Não tenha medo de mim. Eu só queria que esta minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu não odiei o Colégio da Polícia Militar,o meu celular que perde sinal toda hora, meus pais,a minha dor de garganta, a mulher que faz um cachorrinho berrar todo dias as 6hrs da manhã, o calor que faz quando eu ponho meu pé pra fora da escola , a garota que fala caipira, aquele cara que você sabe quem é. Hoje eu não odiei nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando, a cada segundo, que você se desesperou pra encontrar o cartão de pagamento daquele lugar. Você quis encontrar meu coração pequenininho no escuro. E você encontrou. E você salvou meu dia, minha semana. E salvar meu dia já são zilhões de quilômetros. Você é meu herói.
Não tenha medo deste texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo.
Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio. Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar daquele sofá. Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Tá guardado. O do sofá e de todo o resto.
Talvez você pense que não merece este texto. Há quanto tempo mesmo você me conhece? Algumas horas? Mas você merece sim. Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.  Não tenha medo de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo.

Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquele beijo que zerou minha vida, rindo da minha mão as 3 hrs da manhã, me lendo no escuro mesmo com aquela barulheira toda.
Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com a carne assada. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes.

terça-feira, 23 de março de 2010

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E como eu poderia pensar em não escrever pra você!
Logo pra você,que mudou minha vida em menos de meia hora,que fez do meu sábado o MELHOR,que me realiza a cada segundinho...
Eu tinha planejado a minha carta de liberdade há um bom tempo,uns 2 meses mais ou menos,eu esperava por aquele momento anciosamente,mas nem passava pela minha cabeça cheia de sonhos,que logo você,o meu sonho mais esperado,ia estar ali,do meu lado,se realizando pra mim,na minha frente *.*
Quando eu ja tinha aceitado que aquele lugar ja tinha me proporcionado a maior vitória e me mostrado o quanto eu era uma mulher moderna,você me aparece...com aquele sorriso que eu nunca,NUNCA vou esquecer,com aquele jeito de homem moderno,de estilo alternativo,pra me encantar mais ainda...as minha surdez funciona bem na hora,mas era só pra tornar o momento maisdivertido,pra carimbar ali,na frente de taaaanta gente,que aquilo ali era uma reviravolta na minha vida.
Eu juro,não passava pela minha cabeça que um homem como você cheio de mistério no olhar e de charme na feição ia se interessar logo por mim,uma menina comum,que ja estava suada e a maquiagem ja tinha ido pro escambau.
Mais se interessou,e todo aquele romance de meia hora foi importante pra mim,todo aquele confessionário foi importante pra mim,todas as suas palavras foram importantes pra mim...TUDO eternizou pra mim.
Te conhecer foi a cura pra todo aquele lixo que eu vivia,pra jogar pra fora de mim todos aqueles caras que me faziam mau,que me diminuiam.
E agora é assim,eu penso em você toda hora,lembro de você quando ouço O Rappa,e do nada,eu vejo todo mundo me perguntado por que eu to sorrindo assim do nada,eles mau sabem que é porque seu sorriso vem toda hora na minha memória,e como diz Adélia Prado:"O que a memória ama fica eterno,te amo com a memória imperecível."
=)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Nossa música *.*


Dia desses você me perguntou o que eu tinha visto em você. Daí que eu vi o homem mais íntegro que eu podia querer pra mim, com o coração mais lindo que eu já conheci. Daí que eu vi os olhos de menino mais doces que já pude ler. Daí que eu vi toda inocência que eu tanto esperei em alguém, em você. Daí que eu conheci um cavalheirismo com que sempre sonhei. Daí que a gente aprende tanto junto, e isso é tão mágico! Daí que eu me sinto a vontade com você como nunca tinha me sentido com nenhum outro. E eu preciso tanto ir até onde sou pura... Então reconheci sua alma logo de cara! Eu me vi em você. Foi isso que eu vi. Foi isso que me fez entender, que era você.

domingo, 21 de março de 2010

Agora sim.


"Estou na caridade da evolução do meu ser. Quero ser menina, encontro-me mulher... Quero ser mulher, vejo-me menina..."
(Ferreira Gullar)

E ontem,eu voltei a ver o lado bom da vida...
Engraçado como romances de meia hora as vezes permanecem.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Música :D


Eu sinto falta de querer fazer amigos em qualquer festa, só pra conhecer gente estranha e te contar depois. Agora, eu fico pelos cantos das festas. Voltei a achar todo mundo feio e bobo e sem nada a dizer. Porque eu acho que estava gostando mais das pessoas só porque te via em tudo. Agora as pessoas voltaram a me irritar. E eu voltei a ter que fazer muita força pra sair de casa.
Quando alguém não entende o meu amor, eu lembro daquele dia que você não queria tocar violão pra mim. Até que dedilhou reclamando que não era o seu violão. Daí tentou uma música conhecida. Tentou uma menos conhecida. Daí tocou uma sua, com a voz baixinha e olhando pro nada. E então me encarou e cantou com a voz alta. E então largou o violão, me encarou e cantou bem alto a sua dor, de pé, na minha frente, e eu achei que meu peito ia explodir. E ri achando que você ia sair correndo e dar um show na padoca da frente. E naquele momento eu pensei que poderíamos ser infinitos se fossemos música. E isso explica tudo, mas ninguém entende. Você entende. Mas cadê você?
Quando vai dando assim, tipo umas onze da noite, o horário que a gente se procurava só pra saber que dá pra terminar o dia sentindo algum conforto. Quando vai chegando esse horário, eu nem sei. É tão estranho ter algo pra fugir de tudo e, de repente, precisar principalmente fugir desse algo.
E daí se vai pra onde?


Tati Bernardi

quarta-feira, 17 de março de 2010

A primeira vez.

 

Depois você começou a namorar uma menina e deixou, finalmente, de gostar de mim. E eu podia ter escrito um texto para você. Claro que eu senti ciúmes e senti uma falta absurda de você. Mas ainda assim, eu deixei passar em branco. Nenhuma linha sequer sobre isso.
Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia que você me xingou até desopilar todos os cantos do seu fígado. Eu fiquei numa tristeza sem fim. Depois pensei que a gente só odeia quem a gente ama. E fiquei feliz. Pode me xingar quanto você quiser desde que isso signifique que você ainda gosta um pouquinho de mim.
Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade é você. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo é você. Quando eu coloco um brinco pequeno ao invés de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer homem que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você.
Até hoje. Até essa manhã. Em que você, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que você simplesmente foi embora. Como se eu fosse só mais uma coisa da sua vida cheia de coisas que não são ela. E que você usa para não sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que você deixou eu te olhar, mesmo você não gostando de mim.
E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava e passou a ser só mais um que me usa, que você, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.

The only exception.


Mais um domingo que você me liga. Igual faz a uns dois ou três anos. Você beija a sua mãe depois do churrasco, dá um oi carinhoso e finalmente pensa sem culpa na sua ex, cheira sua camiseta pra ver se a coisa tá muito feia e descobre que sua vida está prestes a ficar vazia: chegou a hora de me ligar.
Você não sabe ao certo o que vê em mim, mas também não sabe ao certo o que não vê. Você sabe que pode ter uma mulher mais gostosa do que eu, mas por alguma razão prefere a gostosa garantida, aquela que ainda ri das suas piadas. Mesmo sendo as mesmas piadas há dois ou três anos.
Aí você me liga, com aquele ar descompromissado e meigo de quem só quer ir no cinema com uma velha amiga. Eu não faço a menor idéia do que vejo em você, mas também não faço idéia do que não vejo. Eu posso ter um cara mais gostoso, como de fato já tive milhares de vezes. Mas por alguma razão prefiro suas piadas velhas e seu jeito homem de ser. Você é um idiota, uma criança, um bobo alegre, um deslumbrado, um chato. Mas você é homem. E talvez seja só por isso que eu ainda te aguente: você pode ter todos os defeitos do mundo, mais ainda é melhor do que o resto do mundo.
Aí a gente, sem saber ao certo o que está fazendo ali, mas sem lugar melhor para estar, acaba pulando o cinema que nunca existiu e indo direto ao assunto. O mesmo assunto de dois ou três anos que, assim como as suas piadas, nunca cansam ou enjoam.
E aí acontece um fenômeno muito estranho comigo. Mesmo quando não é bom, mesmo quando cansado e egoísta você não espera por mim e vira pro lado pra dormir ou pra voltar à sua bolha egocêntrica de tudo o que é seu, eu sempre me apaixono por você. Todas as vezes que te vi, nesses últimos dois ou três anos, eu sempre me apaixonei por você. Eu sempre estive pronta pra começar algo, pra tomar um café de verdade, pra passear de mãos dadas no claro, pra poder te apresentar ao sol sem receber mensagens de gente louca ou olhares curiosos, pra escutar uma piada nova. E você sempre ignorou esse fato, seguindo seu caminho que sempre é interrompido pelo vazio da sua camiseta fedendo a churrasco. Eu nunca vou entender. Eu nunca vou saber porque a vida é assim. Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais.Eu só sei que agora eu vou tomar um banho, vou esfregar a bucha o mais forte possível na minha pele e vou me dizer pela milésima vez que essa foi a última vez que vou ficar sem entender nada. Mas aí, daqui uns dias, igual faz há uns dois ou três anos, você vai me ligar. Querendo pegar aquele cineminha, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Tô na TPM :T


 Vou para o banheiro e choro, que novidade? Mas dessa vez porque me olho no espelho, e isso também me lembra você. Eu era sua, a sua menina, a sua criança, a sua mulher, a sua escritora predileta, a sua parceira de dar risada de programas estúpidos que passam de madrugada na TV, a sua namorada sensível que tinha medo de vomitar e de amar demais, assim como você. A sua melhor amiga pra sentar num banco de praça e falar mal de todo mundo, pra perder um trem na Itália e ainda por cima sentar num chiclete fresco ou pra cuidar do nosso porquinho de pelúcia. Eu era a mulher que encaixava a cabeça nas suas costas e sabia que tinha nascido a partir de você, eu era a mulher que esperava sofridamente você voltar mas nunca deixou de te amar mesmo quando você ia.
Todo mundo me fala que eu preciso ser minha, inclusive pra ser sua, mas eu não deixo de olhar para o espelho e ver uma metade de gente, uma metade de sonho, de sexo, de alegria e de futuro. Que se foda a auto-ajuda, que se fodam os livros com homens carecas, que se foda o terceiro olho (do cu?) e que se foda a psicologia: eu sou mesmo metade sem você e que se foda!
Se antes de você aparecer eu já te amava, eu já te esperava, eu já sabia que você existia, como eu posso não te amar agora que você tem forma, sorriso, coração e nome? 


(Tati Bernardi)

sexta-feira, 12 de março de 2010



Nesse último mês você deve ter saido todas as sextas e sábados. Deve ter ido pra bares, baladas, encontrado duzentas e sete meninas lindas, talvez tenha ligado pra sua ex e talvez tenha ido visitar ela lá do outro lado da cidade. Talvez você tenha arranjado mais outras cinquenta e nove "amigas" pra se ocupar quando bater um pensamento bom sobre mim. Eu não pude ser tão ruim assim... Você com tanta cultura da qual você tanto se gabava, com todo seu estilo, suas piadas não reparou que o meu único problema foi me apaixonar por você. Eu sou grande sim, gosto de Chico Buarque sim, já li todos aqueles livros a qual você fazia citação, conheço todas aquelas bandinhas inglesas, sou engraçada e tenho gírias legais também. Mas a minha paixão, a minha pressa em te amar não deixava que você soubesse de nada disso. Meu coração saia pela boca, sei lá porque diabos, toda vez que você estava perto. Talvez você passe na frente daquele fast food e ainda lembre das nossas intimidades e talvez ainda procure a minha boca enquanto está com todas essas meninas super poderosas dentro de seus decotes imensos e com seus cabelos lisos. Esse último mês - feveireiro, logo feveireiro, mês de carnaval.. - foi seu.
As coisas são como são, preto no branco. E o que era só um bilhete está se transformando nessa enorme carta (?) chata e enfadonha. Sorte a minha saber que você nunca vai ler nada disso. Vai ler no máximo a mensagem que eu vou te mandar assim que eu tiver créditos falando que 'se for pra falar de algo bom, eu sempre vou lembrar de você'. Outra sorte eu nunca ter créditos. Ok, ok, você ganhou dessa (mais uma) vez. A saudade falou mesmo muito mais alto que o orgulho.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Cadê a tampa da minha panela,o chinelo do meu pé cansado?



 Tá em ebulição, vazando, transbordando, e nada da tampa da panela pra socorrer a lambança. É culpa da pressão que eu ponho em tudo isso? É o que dizem: desencana que uma hora ele aparece.
O pé cansado já tentou calçar (à força) do chinelão que descola as tiras ao sapatinho de cristal. Nenhum serviu e o coitado tá todo esfolado.
Ninguém pra descascar, chupar ou fazer uma laranjada. Em compensação, laranjas na minha vida não faltam. E chega! Há anos peço o príncipe e só me mandam o cavalo.
Fim de ano sem amar é deprê, hein? Tô megera o suficiente pra ver uma família feliz no shopping e pensar que aquela instituição "image bank" não passa de uma união solitária de aparências. Tô megera o suficiente pra furar a fila do Papai Noel e pedir um pirulito, bem grande, bem grosso, bem exclusivamente apaixonado por mim.
Tô megera o suficiente pra abraçar os veadinhos do trenó em homenagem aos meus ex-casos. Tô megamegera o suficiente pra não admitir minha carência e dar uma risada debochada de todas as luzes, canções e emoções de boas-festas.
Tá, mas no especial do Roberto Carlos não vai dar pra ser megera. O filho da mãe sempre me faz chorar. É impressionante como a gente se sente sozinha na porra do especial do Roberto Carlos.
É claro que eu desejo o meu sucesso profissional, dinheiro, saúde, ..., mas nada de atacar para todos os lados nas simpatias deste réveillon. Não dá certo. Este ano vou focar no amor: calcinha vermelha, fitinhas vermelhas e as sete ondas vão ser puladas com a mão no coração (se eu usar a frente-única branca que comprei, é bom que a mão no coração já segura um peito) e uma só intenção: encontrar o danado.
Ah, sejamos sinceras mulheres modernas: no fundo, no fundo, a gente quer mesmo é alguém pra dormir protegida no peito (de preferência largo, forte e levemente cabeludo).
E nem é medo de ficar pra titia não, além de ter cara de mais nova e ser bem
nova, eu sou filha única. É vontade de sentir aquela coisinha misteriosa de "é esse!". Como será sentir isso? Eu sempre sinto que "pode ser esse, ou talvez com algumas mudancinhas possa ser esse ou talvez se ele quisesse, poderia ser esse...". Não, isso tá errado. Quero sentir que "é esse".
Dizem que materializar os sonhos escrevendo ajuda, então lá vai: quero transar com beijo na boca profundo, olhos nos olhos, eu te amo e muita sacanagem, quero cineminha com encosto de ombro cheiroso, casar de branco, ser carregada no colo, filhos, casinha no campo com cerquinha branca, cachorro e caseiro bacana. Quero ouvir Chet Baker numa noite chuvosa e ter de um lado um livrinho na cabeceira da cama e do outro o homem que amo.
Quero sambão com churrasco e as famílias reunidas. Quero ter certeza, ali no fundo da alma dele, de que ele me ama. Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso. Que ele esqueça, de vez em quando, seu lado egoísta, e lembre do meu. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz parte
do amor. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, mulher, homem, et, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero foto brega
na sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele, o dinheiro dele (brincadeira...). Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre. Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for
sincera em minhas desculpas e que ele me ignore quando eu tentar enrolá-lo em minhas maldades. Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições, que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjôos de sensibilidade, minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante. Que seja lindo
de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina. Que a sua remela seja sequinha e não gosmenta e que o tempo leve um pouco de seu cabelo (adoro carecas...). Que suas escatologias não passem de piada e se materializem bem longe de mim. Tem que gostar de crianças, de cachorrinhos, da minha mãe, e tem que odiar ver pessoas
procurando comida no lixo. Tem que dançar charmoso, ser irônico, ser calmo porém macho (ou seja, não explodir por nada mas também não calar por tudo). Tem que ser meio artista, mas também ter que saber cuidar dos meus problemas burocráticos. Tem que amar tudo o que eu escrevo e me olhar com aquela cara
de "essa mulher é única".
É mais ou menos isso. Achou muito? Claro que não precisa ser exatamente assim, tintim por tintim. Exigir demais pode fazer eu acabar sozinha em mais shows do Roberto Carlos. Deus me livre! Bom, analisando aqui, dá pra tirar umas coisinhas. Deixa eu ver... Resumindo então: tem que dizer que me ama e me amar mesmo, tem que rolar umas sacanagens e não pode ter remela
gosmenta. Pronto!
E quando eu tiver tudo isso e uma menina boba e invejosa me olhar e pensar que "aquela instituição feliz não passa de uma união solitária de aparências" vou ter pena desse coração solitário que ainda não encontrou o verdadeiro amor.


(Tati Bernardi)

terça-feira, 9 de março de 2010

Os dias seguintes...dele.


 Ele acorda e cantarola a música no banho. Over and over and over. Ela está obcecada pelo The Wonders e passou a doença a diante.
Ele cantarola e lembra que foi nessa música que ela achou que ele adivinhava os prazeres dela pelo computador,e que ele podia contribuir com a "dança". Ri. Sente tesão. Acha o mundo ridículo e feliz. Lembra que tava boa a vida procurando. Encontrar dá medo, preguiça e uma sensação estranha de estar se perdendo. Será que eu vou querer namorar essa louca? Será que essa louca vai querer namorar comigo?
Aí ele lembra. Caraca! É mesmo! A menina escreve. Sem pudor. Falaram pra ele. A essa altura do campeonato, já deve ter um texto publicado falando da noite anterior. Será que ela achou bom? Será que ela vai publicar o tamanho da minha alma? Da minha tatuagem? Do meu pé?
Ele corre com o banho. Ainda cantarola, mas agora é com um pouco de medo. Precisa entrar logo naquele blog desgraçado. Todo cheio de textos inacabados e leves. Mas é ali mesmo que ela acaba com todo mundo e sem nenhuma leveza.
Corre com seu carro que ainda tem o cheiro dela e uns fios de cabelo, agora um preto desbotado, pendurados no assento do passageiro. Foi bom. A noite foi boa. Ela não vai falar mal de mim. E também não vai falar nada de mim. Nem bem. Como ele quer que ela seja misteriosa e suma durante todo o dia de hoje. Ele quer sentir o frio na barriga, o nervoso pra saber se ela vai atender ou não. Não seja fácil, minha filha. Não escreve que gostou. Deixa eu sofrer um pouco. Deixa.
Ele chega no trabalho e  vai direto procomputador. Espera ninguém estar passando atrás dele e digita o blog dela. Sua frio, melhor pegar o café. Não, vai de uma vez. Vai. Abre. E de repente. Lá está. Um texto. Um texto pra ele. Caramba, ela já escreveu? É o primeiro texto que alguém escreve pra ele, tirando uma tosquinha da época do "ócio criativo" que botava frases do tipo “eu sei que quando tiver de ser, será” nos depoimentos que ele nem lembra mais onde foram parar. Coitada. Agora é uma metida a escritora de verdade. Ele ri, porque a "escritora de verdade" se acha um pouco dizendo que é de verdade.
Ele gosta dela. Não tem mais como fugir. É, da medo. Ela deve estar com medo também. Gostar é começar o inferno tudo de novo. Mas ela, quem diria, escreve lá no texto que topa. Topa começar tudo de novo. E faltando dois parágrafos pra terminar o texto, ela manda, na lata mesmo: “quero te ver hoje”. O que será que ele vai responder?
Ele então pega o café. E sai cantando como se o dia estivesse diferente. Over and over and over and over...


Adaptado por mim ^^

sexta-feira, 5 de março de 2010

Com todo o meu amor.


 Ontem a Amanda me mandou esse texto,disse que só lembrou de mim *.*
Achei ele lindo...^^
Brigada minha melhor (L)
         A bailarina e o Soldado de Chumbo
Ela era uma quase bailarina, a poesia completa, a nota final, o último segundo, o suspiro. Tinha o desejo de ter o mundo, mas ter uma parte dele bastava, parte, porque Ele nunca fora inteiro. Talvez por ser covarde demais, dividido entre histórias, assassino de si próprio. Talvez por isso se conhecer seria a morte, talvez ele já tenha morrido e se dividir é um meio de viver em cada pessoa, de sempre existir, de sempre incomodar. Entendem, não bastava fazê-la sorrir uma vez, como não adiantava só uma vez ele ver aquele olhar de admiração, precisava ser sempre, precisava ser só dele, mesmo que seu coração estivesse em várias. Claro que ela tentava, em vão. Mas ao menos tentou uma, duas vezes acabar com as alegrias internas, mas ela não sabia amar despedaçado. Abandonar em algum canto todo aquele sentimento, todo o desejo de dividir o cotidiano e fazer disso uma história real, ela não podia mais viver pelos cantos, guardada para o tempo. Ele se preocupava com isso, a guardava para ter quem conversar de verdade de noite, quando mais ninguém entende sobre o grande mistério de enlouquecer, como os dois vinham fazendo. Era esse grande jogo que a incomodava, as faces desconhecidas que por vezes enxergava nele. No fundo nunca sabia se aquele que a abraçava, a controlava, era alguém de verdade ou se era mais um personagem ensaiado, guardado e usado ás vezes. Ele sabe que um dia vai perdê-la, ela também sabe, mas cuida para não se perder.

Camila Meneghetti

quarta-feira, 3 de março de 2010

That Thing You Do.!




Minha vida tem um buraco que não sei de que é feito.Era pra ser muito fácil, mas eu encasquetei de fazer tudo do jeito mais difícil.Meu problema sou só eu.
Eu tenho crises de segunda a noite porque me dá um vazio de não me achar.Eu tenho crises de quarta porque me achei e não gostei.Eu me acho insuportável.Ok, ao mesmo tempo a pessoa mais legal do mundo.
Eu tenho medo de crescer e ao mesmo tempo cresci rápido demais.
Odeio todas as meninas bonitas do ginásio que já tinham peitos e bundas naquela época e hoje provavelmente devem estar caídas e usadas.
Odeio que me mandem falar mais baixo e odeio que falem alto.Odeio que me olhem e não me vejam.
Sabe porque eu não me encontro?Porque por definição eu sou contraditória e quem é contraditório não pode se definir.Se não me defino, não sei quem sou, não me encontro.Mas se deixo de ser contraditória deixo de ser eu, logo, também não me encontro.
Quando eu era criança sonhava todas as noites que eu arrancava os olhos de todo mundo e só eu podia enxergar o quanto era feio ser como sou.É tão cansativo ser eu mesma com todos os meus medos e neuroses.
É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer.É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito.Tanto amor querendo fazer alguém feliz.É uma pena ter o coração inchado de amor sozinha, olhos inchados de amar sozinha...um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos.
Cadê a tampa da minha panela, ao chinelo do meu pé cansado, a metade da minha laranja?
Há anos peço o príncipe e só me mandam o cavalo.
Para não pensar na falta, me encho de coisas por aí.Me encho de amigos, bares, charmes, possibilidades, livros, músicas, descobertas solitárias e momentos introspectivos andando ao sol.
Odeio não ter um filho da puta nessa terra que sirva para ser meu namorado.E mais do que tudo isso ter que ser forte o tempo todo e não ter um ombro másculo para chorar até minha última gota desamparada.
Eu queria assinar um contrato com Deus: Se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo , será que ele deixa eu ficar com um só pra sempre?
Algumas pessoas já quebraram minhas pernas, me fizeram comprar um vestido cheio de babados, tiraram as pedras da minha mão, me tiraram da minha vida incompleta e me transformaram numa completa idiota.Eu espremi a água escura do meu coração e ele se inchou de ar limpo, como uma esponja.Uma esponja rosa porque me transformaram numa menina cor-de-rosa.Eu senti a alma clarear enquanto o dia escurecia.
O meu amor acaba por todos, minha espera cansa por todos, minha raiva ameniza por todos, mas a minha fé por você  cresce a cada dia.
Tenho medo do vento que passa arrancando partes de mim e das pessoas que me envenenam, matando partes de mim.Não quero ouvir ninguém, não quero saber de nada.Quero esperar por você reta e dura como uma estátua, porque tenho medo de me espalhar pelo resto do mundo e nunca ser sua.
Só você  me virar do avesso sem perder nenhum grão de mim.O resto das coisas do mundo quer sempre fazer trocas, o resto me dá vida, mas quer sempre meus pedaços.
As pessoas não percebem que falta metade do meu corpo, e que eu não posso ser muito simpática porque toda a minha energia está concentrada para eu não tombar.
Não sei porque eu falo tudo isso, acho que quero convencer o mundo de que eu sou louca para poder agir feito uma sem o medo de de repente todos descobrirem que eu sou louca e não gostarem mais de mim.Eu quero convencer o mundo que não existe porque gostar de mim só porque sou louca.
Estou cansada de pertencer a todos e não ser de ninguém, minha devolução me enfraquece cada vez mais em me entregar, na loucura de te encontrar não meço as entregas e elas nunca são entregas porque ainda não são você.Eu vou continuar procurando você em todos esses crápulas que fingem ser você para vulgarizar o meu amor.
Mas amor, não se pede, se declara.
Eu nunca, em nenhum momento deixo de romantizar a vida, por mais podre que seja ela, eu nunca deixo de acredirar que você exista, e eu nunca deixo de acreditar que você faz o mesmo a minha espera.

terça-feira, 2 de março de 2010

Amor sem photoshop.



"(...) Ninguém disse que seria fácil.Amar não é coisa de filme, apesar de ter cenas lindas. Amor é real, dia a dia. No amor, a gente tem que conviver com cada imperfeição – e fazer isso com vontade. Tem que querer de verdade. Não, não é fácil, tem altos e baixos, frases e fases. Mas se você parar pra pensar, tudo na vida é assim. O importante, na minha opinião, é enxergar o outro como ele é – sem ilusões ou floreios. Se você quer a pessoa que você vê, certamente tudo será mais fácil. A gente precisa aceitar os próprios defeitos e limitações – e respeitar os do outro. Ninguém disse que é fácil. Mas amar é tão bom que se torna maior do que o resto. A gente recebe diariamente pequenas provas e amostras grátis de que o outro é realmente a tal pessoa certa. Sempre acreditei nessa coisa de pessoa-certa-alma-gêmea-metade-da-laranj
a. Acho assim: pra cada um existe um. Simples, não? E é. Muitas vezes, a pessoa certa está bem ao nosso lado e, cegos, procuramos mais longe. É preciso estar sempre atento – ou bem desatento. Eu estava desatenta quando você chegou. Já sabia, é claro, que era a pessoa certa. São tantas – e pequenas – coisas que se tornam grandes. Todas as vezes que você ficou ao meu lado (e nos últimos tempos, mais do que nunca, eu percebi que sempre, sempre mesmo, em qualquer situação, eu posso contar com você). Que a gente riu junto. Que choramos. Que gargalhamos. Que fizemos DR na madrugada. Que fomos bobos. Que fomos atentos. Que aprendemos. Que ensinamos. Que demos colo. Que nos cuidamos. Que planejamos coisas e tricotamos sonhos. Acho bonito. É tão bonito a gente desenhar um sonho ao lado de alguém. De olhar no fundo do olho da pessoa e saber que é ela. Isso é único. E muito, muito especial. Quem tem um amor assim sabe do que estou falando.É uma sensação quase inexplicável de paz. Acho que é o mais próximo que conseguimos chegar de nós mesmos... 
(...) Agora eu entendo: encontrar o amor da nossa vida faz com que a gente se reconheça sem máscaras – e, com isso, ame sem photoshop."

(Clarissa Corrêa)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Changes...


Estava aqui pensando se não era eu quem fazia as engrenagens do nosso relacionamento não funcionar. Considerando principalmente o fato de que agora que decidi de uma vez por todas fingir que nunca te conheci, esquecer que depois daquela paixãozinha aos seis aninhos de idade você simplesmente sumiu do mapa.
Porque é assim: eu vejo você, ouço seu nome, leio algo que escreveu e eu fico tão feliz, acho engraçado, divertido, quero ser amiga, íntima, porque acho que sim, nos daríamos bem se você quisesse.
Eu sei, disse ali no início que o problema era comigo, porque penso que eu estava insistindo demais nisso tudo.
Acontece que esse seu jeito estúpido que te acompanha sempre, acaba, também sempre, com a minha graça. Diminui a droga do meu coração me fazendo lembrar que não sou tão fria assim como transpareço.
E vejo que você tem outros relacionamentos, muitos amigos, e isso me deixa um pouco confusa... Pensar que ninguém mais é tão sensível as suas armas e surpresas, como eu, a ponto de conseguirem prosseguir qualquer tipo de relação com você, sabe? E é chato pensar que eu, esse ser tão gélido, e que sempre se esquece de tudo que fazem, qualquer bobagem que significa muito vira nada com o tempo. Eu praticamente vivo em função de esquecer as merdas que as pessoas fazem comigo.
Mas com você é diferente. Fico realmente magoada. Aliás, ficava ne? Porque, decididamente, eu me envolvi no meu propósito de invisibilidade. Não falo, não olho, nem ouço se quer. Esqueci seu nome, seu Orkut, MSN, telefone, endereço e, até mesmo, que você passa ao menos um terço do dia a menos de metro de mim...
Tem funcionado.