quinta-feira, 29 de abril de 2010


E eu te olhei tantas vezes implorando. Não morre, por favor. Seja ele, seja o homem que perde um segundo de ar quando me vê.
Mas você nunca mais me olhou quase chorando, você nunca mais se emocionou, nem a mim.
Você nunca mais pegou na minha mão e me fez sentir segura. Nunca mais falou a coisa mais errada do mundo e fez o mundo valer a pena.
Eu treinei viver sem você, eu treinei porque você sempre achou um absurdo o tanto que eu precisava de você para estar feliz.
De tanto treinar acostumei.
E cadê a inspiração? Foi embora junto com a minha pureza, a minha crença, a minha fidelidade.
Eu sou comum, igualzinho a você, a vocês. Eu cometo erros mesquinhos e sou capaz de grandes momentos.
Para cada grande momento, milhares de erros mesquinhos no ar, no lençol, no ralo de um banho cheiroso.
Para cada fundo do poço, milhares de motivos de perdão boiando, bóias de coração para eu me agarrar.
E eu nunca me agarro em mim, sempre espero alguém chegar.
Eu não queria ter ido tão longe. Nem seguido um que não posso, nem aturando outro que nunca pude.
Eu só queria que ele aparecesse, o homem que vai me olhar de um jeito que vai limpar toda a sujeira, o rabisco, o nó.
O homem que vai ser o pai dos meus filhos e não dos meus medos.
O homem com o maior colo do mundo, para dar tempo de eu ser mulher, transar para sempre. Para dar tempo de seu ser criança, chorar para sempre.
Para dar tempo de eu ser para sempre. 

Cansei de morrer na vida das pessoas. Por isso matei você.
Antes que eu morresse de amor. Matei você.
Eu sei que sou covarde. Surpreso? Eu não.
Desculpa, eu tinha prometido nunca mais escrever tão subjetivamente.
Te amo, viu?
Você renasceu de novo.
Eu sei que sou louca.
Louca e covarde. 


Tati B. (Niver dela hoje (:)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Tudo novo aqui.


"No fundo sou sozinha. Há verdades que nem a Deus eu contei. E nem a mim mesma. Sou um segredo fechado a sete chaves. Por favor me poupe. Estou tão só. Eu e meus rituais. O telefone não toca. Dói. Mas é Deus que me poupa." [Clarice Lispector]

domingo, 25 de abril de 2010

Seis e trinta.

Quando tudo começou eu era a novidade, e nem mesmo me importava, não fazia ideia do que isso significava. Eu era o desafio, eu era o novo, e ria - grande ironia - ria das tuas antigas meninas, que se desesperavam, e tentavam de todo jeito me derrubar, e te acorrentar. Eu ria, porque, mesmo te conhecendo pouco, sabia que não era assim que elas conseguiriam te ganhar. Não te levar a sério foi a minha salvação, e também a minha ruína. Pois, hoje, eu sou a piada. Hoje, eu que me desespero quando vejo o teu novo desafio. Quando vejo que sou eu a folha do calendário amassada no canto da gaveta, sou eu a foto de um tempo que já foi, sou eu a música que fica no fim do playlist. Eu ainda toco, eu ainda lembro, eu ainda mexo. Mas não tenho mais o gosto de vitória, aliás devo ter - vitória vencida, gasta, velha. Não se choque - falo isso sem um pingo de amargura, um pouquinho de mágoa, até de ciúmes, mas nenhuma amargura, garanto. Às vezes tu voltas, e tenta remendar, e tenta renovar as cores da nossa fotografia, por vezes acredito, é bobo, é ridículo, mas eu acredito na gente. Eu acredito que comigo tu sempre foi diferente. Eu acredito que as promessas que fizemos existiu tanto em ti quanto em mim. Mas posso aceitar, embora não sem decepção, que a tua hora não chegou. E que o teu novo desafio vai te encantar só e, somente só, por ser novo, que ela te faz rir, te instiga, te dá apelidos novos, sonhos novos, ideias novas, músicas novas, filmes novos, personagens novos, que ela, diferente de mim, não tem um histórico de longas conversas sérias, sobre ti, sobre mim, sobre nós dois - porque, sabemos, o nós existiu, e, não evaporou-se assim. Porque ela, diferente de mim, não te assusta por ter dado tão certo, por ser tão seguro, tão sério. Porque ainda tens medo. Tento, no máximo da minha humildade, e com o mínimo do sentimento que nutro por ti, ficar feliz com a tua nova historinha - sentimento este que, também sabemos, jamais foi a paixão des-me-di-da a qual estou habituada a viver -, que chegou mesmo a ser o mais próximo do que imagino ser amor, não o de abrir mão da vida e mover montanhas, mas, o amor de mesmo te querendo muito, te sentindo muito, ficar feliz por saber que tem alguém aí do teu lado quando eu não posso estar. Por ela estar te fazendo sorrir, quando, a nossa história ficou tão complicada que eu já não conseguia mais. Que bom que ela te dá coisas novas, que ela te entrete, te faz crescer. Me destes algo novo, algo limpo, simples e calmo, eu quis te preservar, sabes disso. Só espero que entendas que das minhas paixões eu sempre soube cuidar, sempre soube viver, até porque era só mesmo me perdendo que eu as vivia por completo, mas este sentimento, este que tu me ensinou, que tu me deu, este, eu ainda tô aprendendo a curar.

sexta-feira, 23 de abril de 2010




Eu juro que eu tinha colocado um ponto final. Eu juro!
Mas às vezes ele timidamente pegava a borracha e apagava, tentando fazer com que eu continuasse escrever...
Eu recoloquei o ponto em seu lugar. Uma vez. Duas. Três. Quatro. Até que eu decidi descobrir o que ele tanto queria que eu escrevesse. É, ele apagou o ponto, eu coloquei de novo mas depois fui lá e apaguei, eu mesma. Peguei o lápis e perguntei com coragem:
- Vamos lá, o que quer que eu escreva afinal ? (!!!!!!!)

Eu sei que 
com ele fica sem concordância, coerência nem coesão.

Mas 
sem ele


não tem texto.

domingo, 18 de abril de 2010



"Não é coincidência demais o amor da sua vida aparecer justo na sua vida?"

(A Dona da História)

Saudadezinha.


Eram tão raros os nossos momentos, você dizia, que eram para ser sempre bons. E de fato sempre eram.
Eu tenho saudade de mil coisas e todas essas mil coisas sempre caem na mesma única coisa de que eu tenho tanta saudade: sua leveza. Você me dizia que jamais iria me cobrar leveza, pois me amava intensa. E me pedia que fizesse exatamente o mesmo, ainda que ao contrário, por você. E eu não obedecia nunca, afinal, pessoas intensas não obedecem.
E assim nós seguimos, por alguns bons anos entrecortados, sendo tão parecidos ainda que tão atraídos mutuamente pelos nossos opostos. A gente era parecido principalmente porque topava as coisas mais malucas como, por exemplo, brincar que tinha acabado de se conhecer numa festa, ainda que tivesse ido junto para a festa. E por horas ficávamos nessa bobeira e nenhum dos dois ria. Até que alguém pedia, cansado, “já pode voltar ao normal? É que está me dando vontade de transar e eu não transo com desconhecidos”.
Eu tenho saudades de tudo. Da gente acordar sua vizinha de tanto rir de coisas bestas, do seu carro sempre bagunçado, da paciência que você tinha com meus quase dez anos a menos, da mania que você tinha de arrumar meu cabelo pra eu poder voltar pra casa e de quando você apertava os ossinhos das minhas costas no escuro e falava, baixinho: “ai, como essa menina gosta de fazer drama!”.
Não é um sentimento egoísta e muito menos possessivo. É apenas uma saudadezinha. Gostosa, tranqüila, bonita, saudável, de longe. E, quem diria: leve.

sexta-feira, 16 de abril de 2010



Quem fica com o amor da gente é sempre p..., não dá pra negociar. Tá bom "aquela vaca" também serve. Na piscina ela te olhou e me disse que te achava gordo e careca. Eu morri de rir porque você está mesmo um tanto quanto, mas olhei de volta e te achei todo lindo. Aquela vagabunda (também dá) estava fingindo desinteresse! você acha que eu estou sendo vulgar? Ora amor meu, eu comecei toda doce lá em cima, mas agora o sangue me subiu e o nível caiu. (...)
Eu te amo poxa! Eu fico muito magoada! Não é humilhação que sinto, porque eu acho tudo tão bobo, tão adolescente, que me bate um desprezo. Depois acabo compreendendo a chatice inteira, e fico é muito triste. Parece às vezes que o avesso vai me sair pra fora cortado em pequenos pedaços de carne mutilada. Estou sendo melodramática, você acha? Às vezes a gente perde mesmo a delicadeza, e a educação vai junto, benzadeus! (...)
Eu sei que se aparecer na sua frente, seu coração dispara. Eu sinto bobo, quando você me abraça, aquele bumbo rebatendo no meu peito. Pois o meu coração, outro dia disparou com uma foto - tonta que eu sou... Estava tirando você do porta - retrato da estante com raiva - as vezes bate uma vontade de te surrar - e você ali sorrindo pra mim com seus dentes perfeitos. Não tirei mais, deixei bem onde estava, na prateleira da sala, sabe? Sinto saudades suas. Nem sei porque ligo tanto prum sujeito teimoso que procura fora o que o afasta do que ele mais quer. Vou te internar. Se adiantasse... Mas não adianta. Sou eu sua cura, por isso você foge. E sou sua droga por isso você volta. Eu sou sua droga, por isso você foge, mas sou sua única cura, por isso você volta sempre. Volta logo, vá, já te dei linha demais. To cansada dessa encrenca. Quero paz. (...)
Mas pensando bem, você me faz doer. Volta não meu amor. É que a distancia, o tempo, sei lá, foi mostrando que... eu sem você, até que passo bem demais. (...)

Maitê Proença

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sobre você ir embora de vez.

 
 
Vai até a esquina, mas não solta da minha mão. Foge de mim, mas me busca nesse seu abraço tão maior que eu.
Pode cortar meus assuntos, pode ficar vazio de repente. Eu sei que a culpa é só minha. Provoca minhas inseguranças, de tanto que eu já provoquei as suas. Pega meu ponto mais fraco e torce até sair minha última gota de orgulho (...)
Mostra que eu mereço ficar com um vácuo bem grande dentro de mim por não saber cuidar de uma coisa tão simples e tão pronta. Você nunca pediu mais do que eu podia dar e eu sempre quis mais, quis menos, sempre quis diferente. Você nunca exigiu nada de mim, só queria minha existência e eu não soube nem existir pra você. (...)
Tá vendo esse coração podre aqui? Cabe muita solidão, mas o espaço de amor tá esperando um pouquinho pra amadurecer. Ele tem medo de acabar gostando da sensação e descobrir pra que serve de verdade.
Testa todo seu vocabulário monossilábico comigo. Testa meu limite pessoal, minha paciência, minhas paranóias... Eu ainda não posso ser o que você quer de mim. Eu posso ser essa metade que não encaixa, mas sabe falar por horas e completar frases bobinhas.
Você pode esquecer que por um tempo eu fui mais que todas as outras. Só não me deixe morrer em você, porque em mim você vai continuar vivendo. Com seu abraço maior que eu, com suas falas que sempre me deixaram sem ação, gostando mais de mim do que eu sei gostar de alguém. Sendo alguém além do que eu sei ter. (...)
Não me deixe morrer no papel. Não se afogue na tentativa de me deixar pra trás e não confunda me superar com me apagar. Não me apague nem me mate um pouquinho. Esquece o durante e o depois e refaz esse antes que eu gosto tanto. Eu só quero isso.
Me conquista todo dia, mas não queira me levar no final. Só volte pra folha em branco e caminhe com mais calma.

Verônica H.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Caiu uma vírgula por aí. Minha oração nunca será ouvida. Me perdi no meio dos sentidos. História escrita a lápis, lápis-borracha para tudo ser mais prático. Escrita de qualquer jeito, torta, em linhas invisíveis. Com um início de perder o fôlego, mas com um eterno três pontinhos num final que nem existe. Os três pontinhos são o que me matam, ponto final seria a dureza clara e o fim da história. Três pontinhos são o que me matam.
Quis sugar sua vida perdida, e me perdi. Incapaz de me
sentir por medo de ser inteira, saio sentindo e sendo você. Quis ser você inteiro, morar aí dentro, bombear e mandar nas suas veias.
Mas de nada adianta, estou eu aqui de novo: Engasgada de você ir embora, engasgada de você sempre voltar. Engasgada de você sempre sorrir. Engasgada com o fato de você não conseguir ficar sem mim e não me deixar acostumar sem você.
Pontuada por esses batimentos cardíacos que ainda descem quando te vejo.
E você continua indo embora, e eu continuo ficando, vendo você levar partes de mim que antes eu nem sentia falta. E você continua escrevendo sua história pulando linhas, errando palavras, esquecendo os títulos. E eu continuo escrevendo seu nome com letras cheias, para tentar preencher você de alguma maneira. Pra tentar deixar tangível a sua existência. E principalmente pra poder amassar o papel e jogar no lixo. Porque,acredite baby, todo silêncio tem seu dia de grito.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

 

'E assim consigo dormir mais um dia, passar mais um dia, viver mais algumas horas, sem ligar pra única pessoa que eu queria ligar. Consigo seguir em frente mais um dia sem ligar pra ele. Consigo distrair meus dedos, minha mente, meu peito, minha violência, meu buraco, minha vertigem, meu soco no estômago, meu desespero, meu automático, meu extinto contrário, minha curiosidade infantil mas sempre com resultados duros demais para uma criança, minha vontade de enfiar o dedo na tomada só pra sentir a descarga mortal que tanto parece com impulso de vida. Consigo distrair os batimentos cardíacos que sinto em lugares do meu corpo que ainda queriam mais um toque dele. E partes da minha pele que saem buscando porque ainda não receberam a informação do fim, o sangue ainda não levou a má notícia para meu corpo todo. E consigo distrair minhas roupas, que querem se mostrar, cada dia uma diferente, para ele. Só para ele. E distrair meus ouvidos loucos pela sua voz. E distrair meus pés loucos pra encaixar atrás da sua batata da perna. E distrair minha língua, querendo decodificar e marcar cada centímetro das suas estranhezas. E distrair a crença cansada, a saudade renegada. Distrair essa sobrinha de você que continua enorme, mesmo sendo, agora, uma sobrinha'.

Tati B.

sábado, 10 de abril de 2010


Quando ele sorri desarmado, limitado e impotente, para todas as minhas dúvidas, inconstâncias e chatices, eu sei que é daquele sorriso que minha alma precisava. Ele não faz muito pela minha angústia existencial, até por não saber. E consegue tudo de mim. Consegue até o que ninguém nunca conseguiu: me deixar leve.
Sabe rir mole de bobeira? Sabe dançar idiota de alegria? Sabe dormir gemendo de saudade? Sabe tomar banho sorrindo para a sua pele? Sabe cantar bem alto para o mundo entender? Sabe se achar bonita mesmo de pijama e olheiras? Sabe ter ânsia de vômito segundos antes de vê-lo e ter fome de mundo segundos depois de abraçá-lo? Sabe não agüentar? Sabe sobrevoar o frio, o cinza, os medos, os erros e tudo que pode dar errado? Ele consegue fazer com que eu me perdoe por apenas viver sem questionar tanto.
Eu quero parar com tudo isso, ele é um menino que não pode acompanhar minha louca linha de raciocínio meio poeta, meio neurótica, meio madura. Eu quero colocar um fim neste tormento de desejar tanto quem ainda tem tanto para desejar por aí. E aí eu me pergunto: pra quê? Se está tão bom, se é tão simples. Ele me ensinou que a vida pode ser simples, e tão tão boa.
(tati b., sempre ela. :)

quinta-feira, 8 de abril de 2010



...Outro dia me peguei pensando um absurdo que me fez feliz. É triste, mas me fez feliz. Pensei se isso que você faz, de ficar horas comigo depois de ter ficado horas comigo. Se isso é algum tipo de caridade sua. Porque, veja bem. Somos plantas e pássaros diferentes. Eu sou a bonitinha que lê uns livros e vê uns filmes. Você é essa força absoluta e avassaladora que jamais precisará abrir a boca para impor sua vitória.
Você coloca aquele moletom cinza com dizeres do surf e eu experimento um guarda-roupas inteiro pra ficar à sua altura. Você é essa força da natureza que deu certo. Eu gasto metade do meu salário pra me sentir como você deve se sentir escovando os dentes. Pra me sentir cabendo no mundo que deu certo.
Abaixa esse queixo menino. Abaixa esse nariz. Anda rastejando com esse chinelo verde e o queixo no alto. Você sabe que é superior. Você sabe que pode fazer tudo devagar, o mundo te espera. O resto é platéia. Você sabe que faz as pessoas tremerem a voz. Você sabe que deixa apenas duas escolhas pras pessoas: te idolatrar ou sair correndo. E como eu não sou mulher de correr da dor, deixo ela entrar as pouquinhos, esbugalhar meus sentidos, enfraquecer meu orgulho. Quando vejo, estou calada novamente, ouvindo o que você não diz e vendo o que você não faz. Apenas curtindo a limitação profunda e gigantesca da sua beleza esmagadora. Feliz em ser uma formiga que carrega milhões de plantas nas costas só para ver algum esforço meu alimentando você.
Vai, faz o bico de burro quando alguém não compra a sua forma. Faz os olhos laterais pra me convidar pra mais uma das suas aparições. Faz o dentinho pra frente pra me pedir mais um pouco. Faz o silêncio pra ganhar de vez. De mim e do mundo.
Não existe não morrer um pouco quando você chega. E de vez em quando tudo o que a gente quer é mesmo dar um tempo da vida... 


Tati Bernardi

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Mas sou eu quem te adora.


Gosto de gente de verdade. Se você não consegue ser, por favor, não perca o seu tempo comigo. Sempre fui de me dar assim, refazendo verbos, iniciando frases, completando palavras. E quando alguma coisa falta, tudo bem, existe abraço que fala, olhar que entende, sorriso que é cúmplice. A gente precisa perder a mania de complicar as coisas. Sei que escrever é bonito e viver às vezes dá um trabalhão. Me complico também, não pense que não. Mas sou toda de verdade, entende? Por mais que saia da boca alguma coisa com um quê de inverdade, os olhos nunca traem o que faz meu coração bater ou ficar mudo. E ele perde a voz muitas vezes. Ou fica rouco. Louco. Coração, você sabe, é um pouco temperamental e difícil de conviver, ainda mais o meu.
O que eu peço é que você seja sempre de verdade também. Que me queira assim, imperfeita e cheia de confusões. Que saiba os momentos em que eu preciso de uma mão passando entre os fios de cabelo. Que perceba que às vezes tudo o que eu preciso é do silêncio e do barulho da nossa respiração. Que veja que eu me esforço de um jeito nem sempre certo. Que veja lá na frente uma estrada, inteiramente nossa, cheia de opções e curvas. E que aceite que buracos sempre terão. O que eu peço é que você me veja de verdade. Que não queira a melhor mulher do mundo. Que você olhe dentro de mim e veja o que eu sou, com meus momentos de sabedoria, esperteza, alienação e ingenuidade, porque eu nunca vou saber tudo. E entenda que de vez em quando faço questão de não saber nada. Que você note que eu faço o melhor de mim e vezenquando desconheço o que eu realmente posso ser. Peço que você tenha paciência grátis e um colo que não faça feriadão. Que me ensine mais, a cada dia, o meu. E o seu.
Ouvi falar que algumas coisas, quando são muito ditas, acabam perdendo o sentido que deveriam ter. É aquela velha história do tempo. Vamos dar um tempo. Se o casal resolve dar um tempo sempre o bendito tempo acaba perdendo o seu valor. Eu quero que o tempo nos dê todo o tempo do mundo, só assim poderemos nos descobrir mais e mais vezes. Porque tudo é uma constante descoberta, por mais que já pareça o suficiente. Tem a outra velha história do terminar. Uma briga e ah, vamos terminar. Outra briga e está tudo terminado. O terminar perde o sentido e uma briga tola se transforma em fim. Dizem que quando o eu te amo é muito dito ele não vira mais um eu te amo, passa a ser um bom dia ou um oi, tudo bem? Isso me preocupou, logo que eu soube, porque a gente diz muito e sempre. Eu te amo, eu te amo, eu te amo. É que amores grandes assim não cabem dentro do peito, precisam de espaço. Saem pela boca, dedos, olhos. E quer saber? Quem diz isso não deve amar assim não. Porque quando a gente ama não se guarda.

segunda-feira, 5 de abril de 2010




"Em algum momento, em vários deles ou definitivamente, as pessoas sempre vão embora. Talvez essa seja a pior coisa do mundo. Ele vai embora, sempre, quando eu preciso de quinze minutos de silêncio complementar à minha entrega, odeio o desespero dele por banhos e a sua ansiedade curiosa pelo que vem depois. Que se dane o depois, eu sou agora, ou pelo menos era. Ele vai embora, sempre, quando o parágrafo passa de três linhas, o pensamento dele ultrapassa meus olhos, o som se perde da minha boca para qualquer outro canto do mundo que não tenha seus ouvidos e ele olha fixamente para qualquer outra coisa que não seja a minha existência. Sempre a mesma cara de tédio e de busca pelo resto que não se repete ou não se prolonga. Ele sempre vai embora quando eu queria que ele se perdesse um pouco, rasgasse a agenda, lançasse o celular na rua, desligasse todos os toques, luzes e sinais de que há todo o resto. Esquecesse do sono, do guarda, do emprego, das lembranças. Ele sempre vai embora do meu mundo quando eu só queria que ele descansasse um pouco de ser ele o tempo todo, mas ele tem muito medo de não ser ele, talvez porque ele não saiba o que ele é. Ele sempre vai embora pra descobrir quem ele é, ou para lembrar que ele é o mesmo de sempre que não sabe quem é, ele sempre vai embora antes da gente ser alguma coisa juntos. Vivo com essa sensação de abandono, de falta, de pouco, de metade. Mas nada disso é novidade. Antes dele, teve o outro, o outro que continua indo embora para sempre porque nunca foi embora pra sempre. Eu não sei deixar ninguém partir, eu não sei escolher, excluir, deletar. São as pessoas que resolvem me deixar, melhor assim, adoro não ser responsável por absolutamente nada, odeio o peso que uma despedida eterna causa em mim. Nada é eterno, não quero brincar de Deus. O outro foi embora a primeira vez porque estava bêbado demais, foi embora a segunda porque ficou tarde, foi embora a terceira porque teve medo de ficar pra sempre, foi embora durante alguns longos anos porque todo o resto do mundo precisava dele e eu era apenas uma das demandas. Ele me chamou de demanda a última vez que foi embora pra sempre, mas pra sempre pode durar duas horas, dois anos ou duas encarnações. A gente sempre se despede lembrando da música do Chico que diz “o amor não tem pressa, ele sabe esperar em silêncio”. Antes dele teve ainda um outro que sempre ia embora na espera de que existisse algo melhor do que eu, mas não ia definitivamente porque não é todo dia que aparece alguém melhor do que eu. Um dia apareceu, ela até que é bonita e tal, não parece tão confusa e intensa e talvez mediocridade seja tudo de que uma pessoa precise para ser feliz. Mas a última vez que ele foi embora, antes me deu um abraço de quem nunca saiu do mesmo lugar. O abraço e o seu olhar de quem nunca sabe direito porque vai embora ficaram pra sempre comigo. Hoje meu novo amigo foi embora, não pra sempre, mas um segundo pode ser pra sempre se pensarmos grandiosamente, e ele me dá vontade de pensar grandiosamente. Fazia tempo que alguém não ficava tão calado enquanto eu apenas existo, fazia tempo que alguém não ficava tão perdido só porque me encontrou, fazia tempo que eu não me olhava no espelho e sorria, sabendo que sim, sim, sim, sou bonita ora bolas! Sou interessante! Da onde eu tinha tirado o contrário nos últimos meses? Todo mundo chega na sua vida. Em algum momento, em vários deles ou definitivamente, as pessoas sempre chegam. Talvez essa seja a melhor coisa do mundo. Como naquele texto que não lembro, daquela pessoa que não lembro, e sobre o qual você me contou de um jeito que eu nunca mais vou esquecer, no final a gente acaba mesmo numa esquina qualquer, lembrando de alguém que um dia chegou e depois foi embora, perplexo."

sábado, 3 de abril de 2010



“Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo. Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada. Eu sei,não precisa me dizer outra vez. Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos. Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas. Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória,sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor,era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois travesseiros. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era Melhor







Divã – Martha Medeiros

sexta-feira, 2 de abril de 2010

É o que tem pra hoje.


Estou aqui há umas duas horas procurando um tema,um tabu,uma coisa linda e profunda pra escrever,mas esses hormônios além de me deixarem nervosa pra caralho,tiram toda a minha capacitação pra textos incríveis.
Mas..."é o  que tem pra hoje",e hoje tem que ter alguma coisa,o filme hoje foi mais um daqueles clichês,a mulher que não dá valor no carinha bobo e apaixonado,a amiga do carinha bobo e apaixonado que também é boba e apaixonada,o cachorro,as ruas limpinhas,as mulheres lindas e peitudas,tudo como segue o ritual de filme americano,mas no final o filme ficou tão original,tão puro e verdadeiro,tão virginal...foi tão lindo quando o machista do filme vai na casa da sua ex-namorada que trabalhava num tele-sexo e fala  pra ela que,naquela noite,em pleno cemitério,ele descobriu que o bunito do amor são os defeitos,que o que fortalece o sentimento é a aceitação das imperfeições,e que ele estava lá pra falar pra ela que ele a ama mesmo ela satisfazendo homens por telefone.
Aquela parte me deixou fora de ár por uns três minutos,eu fui parar pra ter meu ócio criativo e como diz na propaganda do canal Futura:"O que move o mundo são as perguntas".Eu começei a questionar o porque da nossa distância se eu te aceito de braços abertos mesmo você querendo que eu me case com outro pra você ser meu amante malandrão,por quê que você não se candidata ao marido apaixonado?Eu te garanto que vou me esforçar pra ser a esposa dedicada que não tem bafo nem remela molhada.
Por quê que em todos esses dois longos anos,eu aceitei tão bem a idéia de que você era assim tão sem verdade na vida,tão imprevisível e apaixonado por metáforas,tão sem posicionamento...e mesmo assim te aceitei com todos os seus retalhos.
Seria eu precipitada se declarasse aqui em pleno blog de mulher neurótica,que a nossa distância é causada pela falta de aceitação das minhas imperfeições?Desse meu jeito extravagante?Do meu vestido curto?Da minha ambiguidade?Da minha risada exagerada?Do meu EXCESSO?
Perdoa amor,mas se não fosse assim,não haveria tanta adrenalina,tanto sentimento e intensidade,se eu fosse morna você me vomitaria,e eu quero estar muito dentro de você,dentro o bastante pra você se perguntar aonde termina você e aonde começa eu.
Poxa,garoto infantil,eu to querendo TE fazer feliz,to querendo fazer você sentir orgulho de mim quando eu te fizer o homem mais satisfeito do mundo,eu quero seu suspiro,sua risada,seu olhar de devoção,quero ser sua cúmplice,eu quero ser a vítima do seu crime perfeito.
Porque ninguém no mundo desconfia do mau danado que você me faz,nem do mau necessário que você é.