domingo, 27 de dezembro de 2009

Nosso destino é viver esse texto.




Para uma Menina com uma Flor



Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino,
o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.


E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.

E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte

eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.

E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta,

e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando.

E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.

E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena;

é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.

E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha

- a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.

E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009




Ei, garoto, eu estou aqui sorrindo pra você, não percebe? Minha cara é da típica garota que sabe o que quer e o que fazer pra conseguir. Meus passos são firmes, meu olhar te devora, pareço estar disposta a ir em frente. Garoto, meu riso é exagerado, você tem certeza que me divirto. Brinco com caras, bocas e poses, arrasto sua imaginação para onde quero e aí como quem cansa da brincadeira, fico distante. Você recua, tem medo de chegar junto, não sabe o que dizer porque minhas palavras sempre lhe parecem sensatas. Te convenço sem grandes esforços, a situação parece completamente sob controle, sob o meu controle, diga-se de passagem. Arquitetei o jogo de maneira a te deixar sem ataque, na sua área me sinto segura, minha marcação é cerrada, minha zaga domina muito bem e o meu ataque só aparece se for pra fazer gol. Você parece um bichinho indefeso no meio de tudo isso, a partida está quase ganha. Mas, garoto, você percebeu a brecha, entendeu que o riso é mais de nervoso do que de diversão, sua ficha caiu que se você se aproximar eu não vou em frente. Finalmente, você reconduziu a brincadeira, sim, partiu pra cima, chutou rumo a gol, viu que na pequena área eu tremo e que minha defesa é falha, meu goleiro é o maior frangueiro. Você começa a ganhar de virada e eu odeio perder. Desisto disso. Me iludo que cansei de jogar, você acredita. Dessa vez, eu estou aqui chorando por você, garoto, só que isso você não verá.



Querido Papai Noel,




Apesar de eu não ter sido uma mocinha muito comportada esse ano, eu resolvi apelar e escrever essa mísera cartinha, sabe como é né? A vida não tem sido muito generosa e pra sobreviver a isso somente com uma boa dose de fantasia e outra de solidariedade – dizem que esse é seu forte.

Vamos lá, eu confesso: fui egoísta, falei palavrão, desejei mal, briguei com meus pais e até menti, feio não é? Eu sei, eu sei, Papai Noel, eu deveria ter sido boazinha, mas resolve algo se eu falar que de tudo isso, só fiz mal a mim mesma? O senhor consegue perdoar sabendo que errei tanto e só doeu em mim?

Então, se o senhor chegar até aqui, acho que é porque resolveu me dar uma segunda chance... e aí vai se perguntar, o que uma menina crescida quer de Natal? O que leva a escrever uma carta, colocar no correio e torcer pra me ver passar no trenó? Eu vou dizer.. eu quero eu!

Difícil? Ahh, vai..dá um jeitinho e me embrulha pra presente, por favor? O senhor consegue, a minha mãe diz que é só a gente acreditar. Desejo ser mais honesta comigo mesma, desejo saber ver a vida das pessoas continuarem e suportar a ideia de que elas podem e devem ser felizes sem mim, desejo não me sentir mal quando eu disser basta para alguma situação que me traz desassossego. Eu quero acreditar mais em mim e menos nas pessoas, ser feliz sem me sentir culpada por isso, saber a hora que devo recolher e a quando escandalizar. Ser somente eu, mesmo que eu não tenha certeza de amanhã!

O senhor consegue encontrar tudo isso até esse Natal? Eu vou sentar na janela e esperar o senhor passar, heein... Mas, Papai Noel, se não tiver como.. então, só me faz um favor... me dá um ano inteirinho e novinho pra eu me encontrar?

terça-feira, 22 de dezembro de 2009



Para comemorar o ontem *-*
o início do verão ;D
o tempo que a gente passava as tardes "potocando"
o tempo que eu tirava foto ao som dessa música...

" Para as coisas importantes, nunca é tarde demais, ou no meu caso, muito cedo, para sermos quem queremos.
Não há um limite de tempo, comece quando quiser.
Você pode mudar ou não. Não há regras.
Podemos fazer o melhor ou o pior.
Espero que você faça o melhor.
Espero que veja as coisas que a assustam.
Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes.
Espero que conheça pessoas com diferentes opiniões.
Espero que tenha uma vida da qual se orgulhe.
Se você achar que não tem, espero que tenha a força para começar novamente. "




(O Curioso Caso Benjamin Button)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009



Tudo que eu digo você já sabe, meus gritos estridentes que ecoam no seu ouvido, juras e declarações repetidas. Tudo você conhece. Quero apenas que você leia, que você me leia sem caneta, sem papel, leia meu corpo, que fala monossilabicamente: amo!
Muito orgulhosa de mim, me parece que voltei a ser eu, aquela que eu amava, você me faz feliz, me faz sonhar, me faz mulher, me faz louca… rindo pras paredes (elas também sorriem pra mim)!
Me leia. Enquanto isso te procuro, sinto seu cheiro, te farejo e tento te tocar com minhas mãos, meio de olhos fechados, te procuro nas paredes e deixo minhas digitais em todos os rebocos, te espio por entre buracos de tijolo, beijo o vento e sinto sua língua, e nos meus segundos de cochilo posso sentir sua mão me acariciando no meio da noite!
Eu te amo muito mais do que você possa imaginar com essa sua cabeça 10% capaz.
Eu te amo bem mais do que o amor permite, te amo muito além dos limites.
Te amo infinitamente mais do estava nos meus planos.
Eu te amo mais do que a minha carne vermelha e crua que pinga sangue.
Te amo mais do que Narsciso a seu reflexo.
Eu te amo mais do que uma cigana conseguiria prever em suas cartas de tarô.
Eu te amo mais do que a necessidade de xilocaína em meio a fortes agulhadas.
Eu te amo mais do que amo chorar deitada, onde a lágrima escorre estranha, procuro-a com a língua e sinto o gosto salgado que me lembra o sabor do seu apetitoso suor.
Eu te amo mais do que o prazer que sinto com você dentro de mim.
Te amo mais do que o que vejo no espelho.
Te amo aqui. Te amo agora.
Te amo em uma cadeira de rodas, com 80 anos, pós AVC, lado esquerdo paralisado e mijando em pinico.
Eu te amo mais do que um animal selvagem ama sua fêmea marcada.

Te amo infinitamente menos do que vou te amar quando pontuar essa frase.


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Para ler ouvindo:Yellow-Coldplay

E eu quero mesmo é o complicado. Aquele que não olha em volta porque tomou o maior pé na bunda da história e não quer mais saber de mulher. Aquele que minha família odiaria e que em pouco tempo eu enjoaria porque não tenho assunto pra falar, mas que na verdade não faço questão que abra a boca pra isso. Eu quero o esquisito. Aquele que não me faz preocupar com concorrência porque eu sou a única que viu e gostou. Que se fecha tanto no seu mundinho que nem percebe minha existência

 

"Testa todo seu vocabulário monossilábico comigo. Testa meu limite pessoal, minha paciência, minhas paranóias... Eu ainda não posso ser o que você quer de mim. Eu posso ser essa metade que não encaixa, mas sabe falar por horas e completar frases bobinhas.

Você pode esquecer que por um tempo eu fui mais que todas as outras. Só não me deixe morrer em você, porque em mim você vai continuar vivendo. Com seu abraço maior que eu, com suas falas que sempre me deixaram sem ação, gostando mais de mim do que eu sei gostar de alguém. Sendo alguém além do que eu sei ter. "

sábado, 12 de dezembro de 2009





Se sua partida é mesmo inevitável, se seu sonho é mesmo indispensável, se sua vida é mesmo impenetrável, vá logo de uma vez. Não permita que eu me apegue e faça planos, não me deixe crer no que não há verdade. Vá antes de borrar minha maquiagem, ferir minha coragem, antes que eu jogue meus instintos de sobrevivência definitivamente pela janela do prédio como se não me importassem mais sentimentos próprios. Não provoque meus medos, não confunda meu discernimento e não destrua meu equilíbrio. Apenas vá. Leve tudo o que é seu para que a lembrança não perfure meu sorriso cheio de lágrimas. Não me deixe criar um relacionamento individual onde eu sou todos os personagens e nenhum enquanto você é a plateia, única, que faz questão de não aplaudir minhas fragilidades teatrais. Você que preenche minhas lacunas de medo e cinco minutos de vida, deve ter um longo caminho de volta pro seu ser, enquanto eu sobrevivo de te esquecer daqui a pouco. Se minhas palavras embaralhadas confundem sua mente, nem peço lucidez. Já sei o quanto você gosta de estar entorpecido pra esquecer seus problemas ao invés de resolvê-los. Mas não ignore o que eu sou por não ter forças em me decifrar, não fuja antes de saber o que eu posso fazer pra te dar uma vida. Seu medo é de ser feliz? Então dividimos esse pavor doentio da alegria, podemos partilhar o pânico de sorrir até que a tristeza não faça mais sentido a dois.

Se sua partida é mesmo inevitável, se seu sonho é mesmo indispensável, se sua vida é mesmo impenetrável, ao menos arrisque me carregar junto de você.




quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"De repente. De repente. Você me conta que não tem dó de matar besouros, esses malditos que voam na nossa cara sem nenhum medo de morrer. Os idiotas que têm medo de morrer mas esbarram na nossa testa e só por isso dão mais raiva que barata. Você coça muito forte os olhos, quase arranca, eu sei que dói mas pra mim também. E diz que tem preguiça, do Diadorim. E diz que tem medo, do longe de coisas como essa nossa. E eu penso, que no fundo, nem tão fundo, tenho também, demais.
E lá vou eu, a cada cinco minutos, namorar os flashes que você espalhou pela minha casa. Ainda que tudo não dê nem meia foto nossa, mal tirada. Se até o Natal você ainda gostar de mim eu prometo gostar de você também. "




Hoje eu me sinto tão fraca,que até te dedico a música do meu casamento.



domingo, 6 de dezembro de 2009

 

 
No fundo é isso aí mesmo. Eu abri meu coração pra muita gente errada, fiquei com a guarda baixa, deixei que todos soubessem como eu me sinto mas o problema foi que eu me esqueci que nem todo mundo só quer o nosso bem - até mesmo porque, sejamos realistas, nem eu quero só o bem de todo mundo.
Mas a minha mãe está certa, os dias realmente se resolvem um por vez, não dá pra dar um passo por cima do outro.
Ontem eu chorei litros, hoje eu dei risada mesmo com o meu dia tendo sido pior. Balanço é preciso.
Ser adulto é casca, mas é possível.