quinta-feira, 23 de junho de 2011



 




"No final do dia, a fé é uma coisa engraçada. Ela aparece quando você não a espera. É como se um dia você percebesse que o conto de fadas pode ser levemente diferente do que você sonhou. O castelo... bem, pode não ser bem um castelo. E não é tão importante que seja feliz para sempre, apenas que seja feliz agora. Veja, de vez em quando, muito raramente, as pessoas irão te surpreender. E de vez em quando, vão tirar o seu fôlego."

terça-feira, 21 de junho de 2011



 


Quando você chegou, trouxe junto na bagagem algo tão intenso que cegou o passado, ele pouco importa, tudo que veio antes ficou lá, no antes… e a gente tá aqui, construindo nosso depois. Com dificuldades, óbvio, e não poucas… mas quando tudo escurece, quando tudo parece perdido, eu suspiro e digo: quero você… e você responde: eu quero você. Tudo volta a ser colorido. Mas sabemos que o cinza volta, que ele é companheiro fiel dos dias. Mas quando ele insistir em permanecer por muito tempo, a gente vende uns discos e compramos tinta guache… pintamos as paredes de laranja, e assim, vai estar sempre amanhecendo, colamos umas estrelas no teto pra quando quisermos que todo dia seja noite e faremos um sol com carinha feliz, igual nos desenhos animados. A gente pode passar pela amargura de forma doce e sublime. Se a gente tiver a gente. O resto é supérfluo. Provamos que podemos tudo, quando provamos que podemos ser tão um, sendo tão dois. E adoro quando ocorre a unificação. Tão eu, tão sua!


Fernanda Gregório

segunda-feira, 20 de junho de 2011





 




"Ele não é só um cara..
Esse sim, esquenta as suas mãos e escuta os seus impropérios e gracinhas com o mesmo apego. Ele não te deixou apodrecendo ali onde você não pudesse incomodar. Ele é diferente de tudo o que é errado em seu mundo e em outros mundos.
Você diria que ele salvou sua vida se não soasse tão dramático. Ele não faz planos ou promessas, só surpresas, te ensinou a gostar de surpresas. Ele é diferente. Ele não é só um cara.
Ele te ouve como se te entendesse, fala como quem soubesse o que dizer e não diz nada muitas vezes, porque ele entende os silêncios. Ele existe. Você sabe que seriam bons amigos, bons parceiros, bons inimigos, mas você prefere ser a garota dele.
E sabe que serão importantes na história um do outro para sempre, independentemente de tudo que estiver pra acontecer. Porque ele não é só um cara. Você não quer mais só um cara. E ele é tudo que você quer hoje."


sábado, 18 de junho de 2011





 


Sabe chegar em casa e não sentir os pés tocarem o chão? Sabe acordar rindo sozinha igual uma 
idiota? Sabe rir sozinha no meio dos outros, sem motivo (idioooota)? Sabe seu coração disparar quando seu celular toca e você vê o nome dele piscando? Sabe engasgar com o ar porque o ritmo da sua respiração tá diferente durante o dia? Sabe fazer loucuras que você jamais faria em sã consciência? Sabe achar tudo que ele fala lindo? Sabe não achar defeito nenhum em uma pessoa? Sabe quando a pessoa fica on-line no MSN e você tem vontade de beijar o monitor? Sabe quando ele vem teclar com você e você fica prestando atenção na janela "fulano está digitando uma mensagem" pra ver o que é que ele vai escrever? Sabe sentir um frio na espinha quando você chega perto da pessoa e achar que o mundo parou? Sabe a pessoa te convidar praquele programa que você detesta e você ir feliz? Sabe ir ao aniversário da tia-avó com ele e achar tudo lindo? Sabe achar tudo lindo? Tuuuuuuuuuuudo lindo! Sabe de repente as cores das coisas ficarem mais vivas e até filme antigo ficar colorido? Sabe querer dançar até com aquela música baranga que você odeia? Sabe olhar pra placa de todos os carros iguais ao dele na rua pra ver se é ele? Sabe suas amigas não te agüentarem mais porque você só fala dele? Sabe querer viver pra sempre? Sabe descobrir que sua alma é brega? Sabe um texto não ter fim porque você fica lembrando de tudo que você faz e que na verdade todas essas coisas só te deixam parecendo uma idiota? Sabe se sentir a idiota mais feliz do mundo? Eu sei. - Brena Braz

quarta-feira, 15 de junho de 2011



 


Você tem todo o gosto de sorvete e trakinas, misturado com "filmes" e caminhadas longas. Você tem o cheiro do dia de chuva e as horas adiantadas, os risos tímidos e as músicas que me embalam. Você tem toda a voz que pode hipnotizar alguém como eu, o suspiro final do dia, a calmaria do tempo no natal. Tem a visão de quem vai voar a qualquer momento e alcançar o céu, o desejo de ser bem mais do que pode ou existe.
Tem todo o gingado de quem dança nessa vida a tempo e não perde a pureza de amar, de quem não pisa no pé alheio e sorri com o embalo desse ritmo. Você é meu mistério oculto que aos poucos vai se elevando e vai perdendo toda a realidade da situação, deve ser por esse único motivo que escrevo dessa forma para ti, que de tanto me deixar só com suas palavras apagadas, seu sorriso duvidoso, me deixou assim, entendendo a verdade e reinventando outra história, porque eu não escreveria assim pra alguém que não me vê, não me toca e consola, e sim para alguém que antes de tudo teve que estar aqui do meu lado, para que eu possa te observar com cuidado e apreensão, para que cada sorriso teu seja uma espécie de festa em mim e para que só assim eu possa escrever de tal forma que aparente amor.
Mesmo que seja uma verdade inventada, ou uma mentira teimosa, você ainda tem toda a intensidade de quem me modifica.


C.M

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Foda-se a natureza.








Ontem foi aniversário de uma tia e uma daquelas poucas datas que juntam a família inteira. Todo mundo vendo quem engordou, quem emagreceu, quem trocou de carro e quem teve a cara de pau de trazer doce comprado ao invés de fazer. Eu pra variar fui solteira e tive que, pela milésima vez, explicar a todos que não, não estou interessada em conhecer o Tonhão, primo do amigo do filho do outro casamento do meu tio, ou qualquer coisa do tipo. E sim, tô guardando dinheiro, mas é pra comprar calcinhas Verve e maquiagens MAC e não pra congelar os óvulos.
Costumo não suportar muito esses tipos de festa (ou qualquer tipo) até que lembro que sou escritora e fico feliz. Sempre me pego pensando em 897 temas para textos maldosos. Acabo não escrevendo nada, ou quase nada, de medo de magoar mamy. Se bem que dessa vez ela bem que merecia: me fez vestir uma roupa dourada dos pés à cabeça com sapato dourado, bolsa dourada, pulseiras e brincos e corrente dourados, um aplique dourado no decote (e eu usei tudo isso porque adoro ser o personagem principal do texto maldoso que vou escrever depois).
Mas nada disso é o que tô querendo contar. Foi só pra armar o cenário. Tô querendo aqui é falar de Ana Beatriz, a namorada meiga e graciosa de meu primo. Aninha chegou adiantada, quieta e com cachinhos presos por grampos. Só os soltaria na hora da festa. Meu primo foi antes para ajudar na organização da festa e ela, boa companheira, ofereceu ajuda nas tarefas mais femininas como separar
docinhos ou opinar em cores de toalhas.
Sem se dar intimamente com as outras mulheres da família, até porque com tanta candura e doçura fica difícil ser muito íntima das minhas tias e primas passionais e que só sabem se expressar em CAPS LOCK, Aninha seguia sorrindo e não reclamando.
Meu primo, suado, ia colocar a roupa da festa direto no corpo, foi quando Aninha, temendo mais essa verdade do que a Deus, cochichou em seu ouvido, num ato de ousadia "você não está muito cheiroso". E ele tomou banho, mas antes deixou claro "é porque meu pai pediu a todos os filhos pra ficar limpo".
Com a festa já começada, Aninha se sentou à mesa e, diferente de todos (e aqui me incluo) foi a única que não atacava tal qual um cão sarnento as bandejinhas de salgados que já chegavam pela metade até nós. Aninha seguia dando exemplos de como deve se comportar uma moça que quer casar e, ainda que meu primo tenha apenas 20 anos, certamente ele a considerava assim para um futuro distante. 
Ia tudo muito bem até que uma garota muito diferente de Aninha chegou na festa. Loira, alta, gostosa e safada, a loira encarnou no meu primo que, mesmo fazendo de tudo para não demonstrar seu ânimo, não dispensou a oferta de olhares devolvendo alguns.
Aninha, como toda moça que ama muito, sentiu no ar a podridão. Meu primo, como todo homem, fez Aninha pensar que estava ficando louca e inventando tudo aquilo. Aninha, que estava há mais de seis horas apenas tentando ser perfeita, desabou mas evitou chorar na frente de todo mundo e, de cabeça baixa e mãozinhas fechadas de ódio, foi ao banheiro mais próximo e se entregou a um rio sem fim de lágrimas. 
A família inteira, de tio machista a tia metida a modernete, esbravejou contra Aninha: onde já seu viu armar essa palhaçada! Onde já se viu estragar a festa por causa de uma besteira! Homem olha mesmo, homem não presta, uma mulher precisa ser superior a tudo isso! Uma mulher precisa ser equilibrada e…mulher só casa se… e bláblábláblá.
Eu apenas me levantei, peguei um brigadeiro de colher, e fui ao encontro de Aninha no banheiro. A abracei e chorei junto com ela. Mais de onze anos nos separavam mas naquele momento, éramos apenas duas mulheres que sofriam de amor. Ela pelo meu primo e eu por tantos outros que ficaram pra trás. Ela ainda não tinha aprendido a virar uma escrota maluca e largar o cara falando sozinho na festa, ela ainda tinha a bondade de ir chorar no banheiro e esperar que a vida pudesse voltar a ficar bonita depois da descarga cheia de papel higiênico com ranho. Eu, infelizmente, já tava mais pra loira safada do que pra Aninha.
Come o brigadeiro, Aninha. E eu torço, do fundo do meu coração, pra que você consiga virar essa mulher que não enlouquece, que é superior, que entende a natureza, que aceita que os homens flertam mesmo, procuram mesmo, não conseguem mesmo, mas que, aos poucos, talvez, você consiga acalmá-lo, casar, ter filhos e que, talvez, sei lá, você possa aceitar essa natureza nojenta, o mundo como ele é. Você vai ser mais feliz do que eu, querida, até porque, com tanta doçura e meiguice e feminilidade, o mundo te aceita melhor. Você pode. Não chore. Você pode.
Eu nunca consegui, nunca, eu quero que a natureza se foda. Eu peguei meu casado dourado e fui embora.



Tati Bernardi.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Almas perfumadas.





 




Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.

Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia. Minha avó era alguém assim. Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. A minha, foi uma delas. E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou. E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Edith, para me falar de amor.


Carlos Drummond de Andrade.