segunda-feira, 31 de maio de 2010

 
 
 
 
Tenho aprendido com o tempo que quando julgamos falamos mais de nós do que do outro. Que a maledicência acontece quando o coração está com mau hálito. Que o respeito é virtude das almas elegantes. Que a empatia nasce do contato íntimo com as nuances da nossa própria humanidade. Que entre o que o outro diz e o que ouvimos existem pontes ou abismos, construídos ou cavados pela história que é dele e pela história que é nossa. Que o egoísmo fala quando o medo abafa a voz do amor. Que a carência se revela quando a autoestima está machucada. Que a culpa é um veneno corrosivo que geralmente as pessoas não gostam de ingerir sozinhas. Que a sala de aula é a experiência particular e intransferível de cada um.

Ana Jácomo

sexta-feira, 28 de maio de 2010


Você chegou num momento razoável, com um charme razoável. Até a sua beleza é razoável. E acertou em cheio a hora de ir embora da minha cabeça. Você me quis desde o começo, mas nunca teve coragem de lutar por mim. Sempre achou que quando quisesse alguma coisa comigo - depois do que vocês homens chamam de "tempo" e que se resume em não levar nada à sério por um tempo sem se sentirem culpados - eu estaria aqui, sorrindo plástica, pronta pra me jogar aos seus pés.
Confesso que quando você apareceu, até pensei em ter você. Mas cada queda é um aprendizado, e em alguns dias, cada segundo é uma nova lição. Agora é tarde e eu sou mulher demais pra você. Não preciso dessa sua sabedoria que você usa pra intimidar quem não percebe a superficialidade das suas palavras. Não preciso de nada de você. Só distância. Você encontrou alguém diferente: uma leitora. Eu leio sua dúvida em tudo o que você diz com tanta certeza, porque precisa falar pra existir.


Verônica H.

quinta-feira, 27 de maio de 2010


Me deixa ser egoísta. Me deixa fazer você entender que eu gosto de mim e quero ser preservada. Me deixa de fora de suas mentiras e dessa conversa fiada. Eu sou uma espécie quase em extinção: eu acredito nas pessoas. E eu quase acredito em você. Não precisa gostar de mim se não quiser. Mas não me faça acreditar que é amor, caso seja apenas derivado. Não me diga nada. (Ou me diga tudo). Não me olhe assim, você diz tanta coisa com um olhar. E olhar mente, eu sei! E eu sei por que aprendi. Também sei mentir das formas mais perversas e doces possíveis. (Sabia?) Mas meu coração está rouco agora. GRAVE! Você percebe? Escuta só como ele bate. O tumtumtum não é mais o mesmo. Não quero dizer que o tempo passou, que você passou, que a ilusão acabou, apesar de tudo ser um pouco verdade. O problema não é esse. Eu não me contento com pouco. (Não mais). Eu tenho MUITO dentro de mim e não estou a fim de dar sem receber nada em troca. Essa coisa bonita de dar sem receber funciona muito bem em rezas, histórias de santos e demais evoluídos do planeta. Mas eu não moro em igreja, não sou santa, não evoluí até esse ponto e só vou te dar se você me der também. Pode rir, é isso mesmo. Não vou fingir ser o que não sou. Quer me tratar bem? Amém! Se não quiser, vá com Deus, não me procure mais! Amor incondicional é muito bonito. Mas eu só tenho por mim, pela minha família. E pelos meus gatos. De resto, sou igual bicho. Me morde e eu te como. Com as minhas palavras. Que são meu maior mel. E meu melhor veneno.

Fernanda Mello



 
 
Eu tenho medo de amar você. Tenho medo dos seus olhos que dizem tantas verdades pra mim e que me fazem sentir a menina de vestido rodado que comeu chocolate antes do jantar. Tenho medo das suas mãos que conhecem cada polegada das minhas curvas e deslizam por elas acabando sempre na minha nuca me fazendo um cafuné. Tenho medo da sua boca que não me diz muita coisa, mas consegue com perfeição divina calar a minha que diz tantas coisas desnecessárias. Eu tenho medo de amar você, porque amar você é me questionar se você ama à mim também.

A vida toca meus braços e eu não tenho vontade de deixar ela passar. O frio lá fora congela os cadáveres do meu passado e aqui dentro não poderia estar mais quente esperando o bebê da vida nova. Posso estar louca, e inconseqüente, e imatura, e impulsiva, e hiperbólica, e atirada, e infantil; posso estar fingindo, estar forçando, estar idealizando, estar correndo por algo que não me deu segurança nenhuma. Eu posso até achar que esse sentimento bom não existe fora da minha cabeça de garota interrompida, mas eu não vou deixar que nenhuma receita de amor que nunca funcionou leve você de mim dessa vez. 

Rani Ghazzaoui

PRA VOCÊ GUARDEI O AMOR.


Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.

Ana Jácomo
 
 
 
 
 
E a gente vai rir dessa maldade da demora do tempo
pra fazer essa brincadeira de desencontro:
Quase nos deixou descrentes...

 
A gente vai rir dessa maldade porque o nosso amor
será a coisa mais bonitinha do mundo...

Marla de Queiroz

terça-feira, 25 de maio de 2010




Fazia frio naquele dia e cada pelinho do braço, da nuca, das bochechas se arrepiavam. Fazia tanto frio que ficava difícil não pensar nas coisas que eram quentes, mas que de mornas gelaram num segundo no meio do caos de todo dia, no meio da confusão que estava tão organizada na minha vida há tanto tempo.

Fiquei pensando em quantas vezes eu mudei de expressão, quantas vezes precisava de lágrimas para aliviar, mas me vieram sorrisos para fingir estar tudo bem, para eu mesma acreditar que sim, estava. Quantas vezes era coração mas eu ficava repetindo o mantra de quem se faz de moderna, de quem se perdeu no caminho e acabou se contentado com as coisas que achou pela estrada. A minha estrada tão tumultuada, tanto trânsito, tanto sol do meio dia, com tantas desilusões e tantas vontades que ficavam lá no final dela, esperando eu conseguir chegar.

Tanto sentimento contraditório em uma história tão breve, por enquanto. Tanta gente diferente gritando a todos os pulmões suas vontades e segredos... e me dizendo sempre a mesma coisa. Depositando em mim um pedaço de si e querendo um pedaço meu em troca porque, para toda ação, há uma reação e ninguém é benevolente se não vai ter retorno. Má hora então, eu pensei, porque a fase da vida está mais para egoísmos do que para altruísmos. Não estou pra ninguém agora, não me incomode.

Mas me incomodam, e eu me incomodo de não conseguir ser a menina rosada que sorria depois de um beijo, que beijava de olhos fechados porque se entregava. Eu tenho medo de nunca mais conseguir me entregar a alguém porque me entreguei ao meu medo de gostar de alguém de novo. A eterna paúra de não conseguir caber o coração dentro de si, de esperar telefonemas, sorrisos sinceros e beijos na testa de respeito de verdade. Eu não sabia mais o que era respeitar de verdade.

Todas as mãos dadas juntas não serviam para a mão estendida que eu pedi na hora em que eu precisava, e eu juro que eu ainda precisava de você naquele dia que você resolveu não estar mais aqui. Me fez jurar em vão que não iria sofrer, porque eu sofri tanto, tanto. Mas pela primeira vez na vida foi em silêncio, um silêncio da boca pra fora - e dentro a ruptura do cheio, o vácuo, o estranho, o escuro, o nada. Eu deveria me sentir sem nada porque eu não tinha mais você, mas tudo o que eu conseguia sentir era medo de nunca mais ter ninguém por ter amargado muito e perdido a medida. Medo de não querer mais absolutamente nada perto da nossa cumplicidade que eu achava ser de verdade, mas não era. Medo de apostar de novo em tantas coisas que depois, não seriam.

Eu acreditei tanto em você. E o maior motivo da minha crença não eram as nossas risadas, os nossos carinhos, as nossas tardes de conchinha, as nossas noites de gordinhos, os nossos programas de índio, as nossas viagens de improviso, os nossos segredos contados pelos olhos, as nossas descobertas, o nosso amor. Nada disso era o meu maior motivo. Nenhuma briga resolvida, nenhum ciúme infundado, nenhuma discussão com final feliz, nenhuma manha de menina mimada, nenhuma pessoa que tentou atravessar nosso caminho e não conseguiu. Não era isso que me dava certeza de você. Eu acreditava em você, porque você foi a primeira pessoa que me fez acreditar em mim.

Mas você foi embora pra mostrar que as coisas especiais não eram só minhas e não seriam só da próxima também. O seu medo de amar alguém completamente só era vencido pelo seu medo de ficar sem amar ninguém. E isso você não fazia, nunca vai fazer.

Meu subconsciente não entendeu muito bem e você aparece noite sim, noite não para assombrar as expectativas de futuro e remexer no que acabou mas está bem mal resolvido. A dúvida da rejeição passa pelas frestas largas da minha certeza que já foi e voltou tantas vezes que nem eu mesma consigo mais dar crédito. Você foi o filho da puta e quem ficou sem perspectiva fui eu. Tão ridículo fazer a coitadinha, mas tão injusto eu me sentir assim por você.

E me perguntam em tom de casualidade e com certo olhar de piedade por que diabos você, de uma hora pra outra, resolveu ser assim, tão cuzão. Eu respiro fundo e penso comigo: é, eu também não sei.


[Rani Ghazzaoui]



' Eu quero sentir que eu faço diferença pra você, e depois virar as costas e sair andando porque aí eu vou estar cultivando a imagem de despretenciosa e desligada que eu demorei tanto pra fazer você acreditar; que demorou tanto pra que, eu mesma, acreditasse. Eu forço meu coração sem emoções pra emocionar você; eu faço cara de dor e tento ver se você sofre, pra ver se vale à pena. Mas não vale, porque eu mesma não valho às vezes. '




Rani Ghazzaoui

domingo, 23 de maio de 2010

Tá,vai mais um.



 Todos os outros só me serviram pra provar o quanto você é perfeito, mesmo sendo o mais cheio de defeitos. Todos os outros só me trouxeram uma saudade ainda mais dolorida de você, só me fizeram querer você mais perto, só me deram forças pra buscá-lo. Nenhum foi amor, nenhum foi paixão, nenhum foi motivo de insônia ou de sono profundo. Todos os outros foram apenas pedagogia, um jeito que Deus encontrou de me ensinar que você é o certo.

Com nenhum eu quis ver estrelas, nem ter filhos, nem casar. Com nenhum eu quis um sofá branco em casa,nem um pote de jujubas,nem um domingo inteiro de pernas pro ar assistindo Domingão do Faustão,nem promessas, nem futuro. O tempo todo o meu futuro esteve com o cara que ficou no meu passado.

Os meus olhos já não disfarçam a frustação de ter passado por todos os outros como quem passa por nenhum. O meu corpo cansou de não ser entregue e a minha alma cansou de vê-lo tão solto e ao mesmo tempo tão longe de todos os outros.

De uns eu tive compromisso, de outros expectativas e dos restantes apenas o sabor da conquista. Mas de todos os outros eu tive mais que de você, eu tive muito e tive tudo, só que 'tudo' era 'nada' porque nenhum era você.

Eu ganhei olhares, presentes, beijos e milhões de esperanças de que poderia dar certo. Mas eu tinha perdido você e sem você todo o caminho era escuro, sem graça, nojento e errado. Com todos os outros foi 'amor' de meia hora, de 3 meses, de 2 anos, mas com nenhum foi amor de uma vida ou de 3 mil vidas como foi com você. Eu tive frequência nas ligações, eu tive depoimentos no orkut, eu tive amizade colorida e nada disso me deu tanto prazer quanto ver as suas tentativas frustradas de demonstrar sentimentos.

Todos os outros compraram um lugar, mas nenhum deles teve assento, todos ficaram em pé enquanto você tinha camarote de graça. Eu não fugi de casa por nenhum, eu não fiz nenhuma perna de colo, eu não pedi de nenhum fidelidade e todos os meus ciúmes foram fingidos. Porque eu concentrei todas as minhas forças em você, e só no seu peito os meus cabelos poderiam se enroscar, só na sua vida a minha vida faria sentido, só na sua fidelidade  eu descansaria o meu ciúme doentio.

Com todos os outros eu tentei esquecer... com nenhum deles eu consegui!
 
Adaptado.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Quando te encontrei.



Desculpa, eu sei que não faz sentido te escrever agora e já faz tempo desde que esse sentido sumiu. Por minha culpa.
Mas é que eu preciso escrever pra você,pra deixar esse fim sem pendências.
Conhecer você foi e sempre será um presente que Deus me deu na hora certa.
Eu precisava de você,só de você,e você cumpriu bem o seu papel,me deu carinho,atenção,sorrisos,beijos,me deu sua companhia em momentos tão importantes pra mim,pois eram SEUS momentos,era a sua vida,e você permitia que eu fizesse parte dela.
Seu sorriso me derretia,seu abraço me acalmava,fazia eu me sentir a menina mais amada do mundo,e eu era...naquela momento eu sei que eu era.
Os sábados com você eram sempre lindos,SEMPRE que eu estava do seu lado o fim de tarde era ensolarado,brilhoso,vivo,bunito como o nosso encontro.
Os domingos com você eram os melhores,te esperar e ver você chegando todo tímido,com aquele sorriso canto de boca e depois beijar minha mão era a minha realização...
Disso tudo você já sabe,você viveu comigo,você estava lá do meu lado,com corpo e alma.
Eu só queria que você soubesse que eu me arrependo muito por tudo que eu deixei escapar,por tudo que eu joguei fora,pelo meu silêncio,por não ter percebido a tempo que meu orgulho estava fazendo eu perder você.
Você é um cara realmente lindo,lindo por completo,uma pessoa de verdade,como eu sempre quis encontrar.
E os nossos momentos vão ficar pra sempre guardados em mim...pra sempre.
E pra fechar com chave de ouro,vou colocar a música que você disse que era a nossa,depois do nosso primeiro encontro.
Obrigada por tudo que você fez por mim,por toda a paciência,dedicação e amor.

Menina,paciência menina.



"Menina, você vai crescer e vai ver que não é nada disso, um dia você entende, não tenta apressar o tempo. O amor, os beijos no portão, o arrependimento, 12 de junho, ciúmes, o medo de perder alguém, o medo de se perder em alguém que você não sabe nem se é você mesma ou se foi criada, a pergunta feita no espelho: "quem sou eu afinal?", o pensamento longe na hora de dormir, a insônia, a paixão platônica pelo professor bonito, o salto alto e o batom, os amigos, os mais que amigos, os namorados, as ideias loucas e a vontade de abraçar o mundo, isso tudo vem com o tempo e vai também ... Você por favor, tenha paciência, saiba esperar. Depois, os cabelos brancos, a experiência, os conselhos, as histórias se repetem ..."

domingo, 16 de maio de 2010

Tudo por nada.

 
 
Desculpa, eu sei que não faz sentido te escrever agora e já faz tempo desde que esse sentido sumiu. Por minha culpa.
Mas é que hoje tem tanta gente aqui e ninguém me vê...
Você me viu num momento desses e é do seu olhar que eu sinto falta.
Do mundo parando só pra você ser meu.
Vem me buscar, me leva pra longe daqui. No caminho de lugar nenhum eu te explico sobre minha fuga e os motivos de eu decidir voltar. Eu desisto de desistir de você. Sei que eu não posso querer você só de vez em quando, nem fazer você esperar eu me apaixonar. Só fica mais um pouco. É da sua companhia que eu preciso pra respirar agora.

Não precisa dizer nada. Seu silêncio é meu refúgio e você é minha madrugada fria de outono. Seu sorriso me aquece e nada mais faz sentido sem esses segundos que parecem horas quando estou presa nos seus olhos. Você já não pode ser o que eu quero. Porque você é mais que isso. Você é tudo o que eu queria merecer.

Desculpa, eu sei que te incomodo ligando sem parar no seu celular pra dizer nada. Mas sua voz faz a corrida maluca do meu cérebro parar. Cura minhas náuseas da angústia de não saber. E você é tão educado, tão carinhoso. Finge que não atrapalho e pergunta se pode me ligar depois - Pode sim, querido, quantas vezes quiser - Só pra eu dizer "não era nada, dá pra você vir pra cá me ver?" e você, tão sem saber como lidar com dramas femininos, diz que tenta passar depois da academia.

Eu não deixo você seguir em frente, não é? Estou sempre no seu caminho fazendo você tropeçar no passado. Esse não era o papel que eu queria, pode ter certeza. Queria fazer valer seus instantes perdidos me observando numa festa cheia e tentando entender meus enigmas. Eu sou uma decepção. Parecia tão interessante, tão cheia de luz. E agora sou essa criança que só quer agarrar você e proibir de brincar com os outros amiguinhos. Só meu, não empresto.Não desiste de mim. Por trás de tanta indecisão tem alguém que precisa de companhia mesmo fingindo que não. Tem alguém que odeia todo mundo num segundo e chora de saudades de todos no segundo seguinte. E de você principalmente. Desculpa. Eu realmente não queria ser assim pra você.



[Verônica H.]

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Pra mamãe mais linda do mundo (L)


  
Ontem foi aniversário da pessoa mais importante do mundo pra mim.
Isso mesmo,a mamãe,e eu não poderia deixar de escrever um pouquinho pra ela...
Ser sua filha dona Kátia é o maior e melhor presente que Deus pudia me dar,você me disse que a gente só coloca a mãe em primeiro lugar até sentir o que é ser mãe,que depois de ver o rosto dos nossos filhos,a gente passa a amar eles sempre antes de tudo.
E é assim que eu me sinto,a sua primeira,e você não imagina o quanto eu me sinto honrada em estreiar essa sua fase tão importante.
Desde criança a nossa relação mãe e filha é intensa,com você eu tive as piores brigas do mundo e os melhores consolos,sorrisos e abraços.
Conviver com você definitivamente não é fácil,mas viver sem você é impossível...com você eu passei os melhores e piores momentos da minha vida,foi você que me ensinou a cantar,que sempre me colocava em cima do sofá e quase furava o playback de tanto colocar pra repitir,era você que ficava nervosa porque eu desafinava e morria de preguiça de ensaiar,e falava:"Na hora que você for cantar,eu vou sair da igreja pra não ver esse horror." eu caía na risada,porque toda vez que eu ia cantar você me olhava com um olhar de "Eu to aqui filha" e depois sorria com os olhos cheios de orgulho de mim.
Foi você que me ensinou a gostar de Guns n' Roses e colocava uma bandana em mim só pra gente cantar Sweet Child O Mine rebolando na sala de visitas.
Foi você que comprou "Priscila,a rainha do deserto" pra gente dançar as músicas do ABBA juntas.
E era de você que eu morria de rir quando começava a escovar meus dentes e fingir que tinha um monte de bichinho que não queria sair da minha boca.
Lembra mãe quando eu passei na prova do ballet la no Gustav Ritter e a senhora apareceu com um batom da capinha jeans pra mim?Morrendo de orgulho porque sua filha seria bailarina como a senhora sempre sonhou?
Era lindo os nossos sábados mamãe,quando a gente acordava mais tarde e a senhora falava que meu bafo tava matando muriçoca,e que no meio da noite uma pererequinha foi parar na sua cama.
Eu amaaaaaava nossos passeios,nossos segredos,nossas conversas de mãe e filha,e amava ser a sua razão de viver...amo ser.
Uma das piores sensações da minha vida foi quando a senhora entrou pra sala de cirurgia pra ter a Duda e eu morri de medo de dar alguma coisa errada com a senhora.
Nossa relação não é e esta longe de ser um mar de rosas,muito pelo contrário,você é minha tourinho mais brava do mundo,somos C O M P L E T A M E N T E  diferentes e C O M P L E T A M E N T E iguais,você é super crítica e dura comigo,diz que eu não tenho iniciativa,diz que eu sou muito desorganizada,que eu deixo tudo pra última hora e que se você morresse eu também morreria,porque não saberia "me virar".
É mãe,eu morreria sim,porque eu não sou só a Maria Clara,eu sou a filha da Kátia,não conseguiria viver sem você do meu lado nem um dia sequer,porque é pra sua cama que eu vou quando eu tenho medo de ficar sozinha ou quando minha cólica ta fora do normal,é pro seu colo que eu vou quando parece que o mundo vai se destruir em cima de mim,é pra você que eu quero contar as coisas boas com um sorriso bem grande no rosto,eu quero muito ainda ir nos lugares com a senhora e ouvir dos outros:"Nossa hein Kátia,essa menina é a sua cara!"e quero muitos que suas netas também sejam sua cara(eu morro de orgulho disso,porque você é linda por completo.)
Obrigada por ser o meu modelo e o modelo da Maria Eduarda,obrigada por ser essa mulher forte e determinada,por SEMPRE me proteger e me fazer feliz acima de tudo,por todos os momentos lindos que eu vivi com a senhora,por todas as pegadas de coelinho na casa,por todos os presentes do papai noel,por todas as festas de aniversário,por ser a minha mãe e me amar tanto.
A senhora é TUDO na minha vida,eu posso perder tudo,menos a senhora.
Te amo hoje e sempre mamãe.
Da sua primogênita.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Razão pra ser.Emoção pra quê?


"A gente já olhou por todos os ângulos, já fez os cálculos de todas as probabilidades disso dar certo e concluiu que não dá. A gente vai sentir falta. O domingo à noite vai ser foda. Vai doer pensar que ele vai ser de outra. Mas tudo isso a gente já pensou antes. Nada disso vai ser mais foda do que continuar no relacionamento.
Relacionamentos são pra deixar a gente mais feliz. Estou falando de rolo, namoro, casamento. Se veio mais um pra ficar com a gente, é pra somar. Se ta dando dor de cabeça, se ta pesado, se ta sofrido, se ta fazendo mal, melhor sem ele." - Brena Braz

terça-feira, 11 de maio de 2010

 
Eu tenho medo de amar você. Tenho medo dos seus olhos que dizem tantas verdades pra mim e que me fazem sentir a menina de vestido rodado que comeu chocolate antes do jantar. Tenho medo das suas mãos que conhecem cada polegada das minhas curvas e deslizam por elas acabando sempre na minha nuca me fazendo um cafuné. Tenho medo da sua boca que não me diz muita coisa, mas consegue com perfeição divina calar a minha que diz tantas coisas desnecessárias. Eu tenho medo de amar você, porque amar você é me questionar se você ama à mim também.

A vida toca meus braços e eu não tenho vontade de deixar ela passar. O frio lá fora congela os cadáveres do meu passado e aqui dentro não poderia estar mais quente esperando o bebê da vida nova. Posso estar louca, e inconseqüente, e imatura, e impulsiva, e hiperbólica, e atirada, e infantil; posso estar fingindo, estar forçando, estar idealizando, estar correndo por algo que não me deu segurança nenhuma. Eu posso até achar que esse sentimento bom não existe fora da minha cabeça de garota interrompida, mas eu não vou deixar que nenhuma receita de amor que nunca funcionou leve você de mim dessa vez. 

Rani Ghazzaoui

segunda-feira, 10 de maio de 2010

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Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

(Martha Medeiros)

domingo, 9 de maio de 2010

Pra minha mamãe *-*



Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

quarta-feira, 5 de maio de 2010


“Só quem tem o poder de te fazer sentir viva, pode fazer você se sentir morta. Só quem arrepia cada centímetro do seu corpo e faz você sentir o sangue bombear num ritmo charmoso, é capaz de estragar o mundo quando parte. Só quem tem o poder de tornar o mundo leve e fazê-la flutuar, também pode afundar sua noite e fazer com que seu corpo se arraste pelos restos que sobraram da festa.
Aonde está a força de negar um desejo se enquanto ele não é saciado continua existindo?
Desejos nascem, ocupam lugares interessantes do seu corpo, e não morrem antes de um formigamento exausto de prazer, uma manhã suja de arrependimentos, hálitos estragados de amargura e clicks que a vida nos dá, também chamados de momentos de verdade, que em muito se parecem com toques de mágica para você sair do estado encantado e falso da imaginação.
O tempo não se encarrega de matar desejos, apenas de substituir os personagens.
Você pensa que é forte sendo moralista, respirando fundo, contando até mil, sumindo da festa, rezando, desviando sua atenção, mas ele está lá, num bar com amigos, te olhando de longe.”

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Calada.Maquiada...



"Eu briguei com meu coração. Disse que jogasse o amor antigo fora. Ele deu nó. Coração não entende ordens. De um lado a razão exigindo. De outro o coração tentando. A verdade é que nem tudo sai como o planejado. Mas a gente tenta. Um amigo meu me disse que fica surpreso como eu racionalizo os sentimentos. Eu perguntei se falava de mim. Acho que sofro calada. Calada. Maquiada. E de salto alto. Mas manter a pose cansa. Cansa ser racional. Cansa enganar o coração. Cansa ser forte. A verdade é que hoje eu vi um livro que vc me deu e chorei calada. Porque é feio chorar por amor perdido. Mas... quer saber? Estou com sinusite. E não estou nem aí para escrever bonito. Quero respirar de novo e amar alguém como um dia eu te amei. Alguém aí acredita em segundo amor?" (Fernanda Mello)

domingo, 2 de maio de 2010

A estranha.



A estranha agora deu de não comer. Sou eu que perco peso, bunda e buchecha. A estranha dá de chorar de bobeira e eu pago o mico. A estranha se descontrola: ora fala demais sem nenhum argumento, ora emudece um turbilhão de idéias.
Quero acordar cedo, ler um livro, quero tomar café sem pressa. A estranha só quer saber de sonhar, dorme até tarde. Dorme pesado de peso de amar. Amar dá sono porque gasta os sentidos.
A estranha quer me atrapalhar, não quer que eu escreva esse texto e eu acabo escrevendo tudo truncado e bobo. Ela só quer que eu sinta, que eu pense, que eu respire, que eu disque aqueles números mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez.
Ei safada, saia de dentro de mim, preciso trabalhar, preciso respirar, preciso comer, preciso levar minha vida. Minha vida, entendeu?
Quem te colocou aí, nojenta? Quem disse que você manda em mim?
A estranha é tão forte, tão grande, tão cheia de bocas, dentes, buracos quentes. A estranha vive para devorar.
Eu sou fraca e tenho a nítida e desesperadora sensação de ser mera platéia de missa: estou de joelhos.
Que graça foi ver nesse homem, estranha filha da mãe? Meu corpo te rejeita tanto que é quase um câncer sentir tudo isso. Meu corpo já se alimenta de você, digerindo aos poucos essa loucura para desmistificá-la.
O mais estranho da estranha é essa felicidade plena em que vivo. Esse estado de graça. A estranha encheu meu estômago de borboletas coloridas. Encheu de suspiros a minha alma. Me encheu de rendição.
É uma dessas alegrias de dar pulinhos e de murmurar alegria no semblante mais sério. É uma dessas alegrias tão abençoadas por Deus que Ele é quase cúmplice de esporádicas baixarias e mentiras.
É uma dessas alegrias desconfortáveis mas que tem cara de cama quente e travesseiro fofo.
Estranha, pra que tanto se depois acaba, mais uma vez, como tudo?
Ela nem liga, ela dança linda e vermelha no meu tórax. Eu perco o ar, esbugalho os olhos.
Ela nem liga, formigando cada parte do meu corpo, transformando meu desenho em pontilhado.
Depois me instiga a chamá-lo para que forme minha imagem, me faça existir.
Não sou uma massa desfigurada, vaca estranha! Sou uma mulher inteira, charmosa, inteligente, sarcástica, irônica e segura. Eu arraso corações! Não preciso de ninguém! Saia daqui!
Ela apenas me sorri irônica e por piedade aquieta-se alguns segundos. Depois, eu mesma não agüento e a procuro: estranha por estranha, negar uma paixão é muito mais louco do que aceitá-la dentro da gente.