sábado, 30 de abril de 2011

...Baby Love...



 



"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas, a gente nunca conhece. Não existe alma gêmea. Existe, sim, um companheiro incrível que ame você, apesar de seus defeitos e que você ame, apesar dos defeitos dele. Gosto que ele seja essa pessoa, pra mim. Gosto de ser essa pessoa, pra ele."

Amo tua voz e tua cor *-*


 




Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, abrindo todas as janelas para um mundo deserto. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias. É agora que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas e acordar serena. É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito, preparar uma massa, sentir seus cílios. Claro, "o dia de amanhã cuidará do dia de amanhã e tudo chegará no tempo exato". Mas e o dia de hoje? Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto. Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados. É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates... Apague minhas interrogações. Por que estamos tão perto e tão longe? Quero acabar com as leis da física, dois corpos ocuparem o mesmo lugar! Não nego. Tenho um grande medo de ser sozinha. Não sou pedaço. Mas não me basto.

Nathalia.

One last cry.!


 


Há dois anos eu não a conhecia. Passei 26 anos sem sequer imaginar alguém com esse nome, esse cabelo, essa voz, essas pernas, essa família, essa pele, esse mundo. Agora acabei de pegar a jaqueta dela, esquecida no quarto. Naturalmente, sem assombro, como se eu fosse passar o resto da eternidade ao lado dessa menina linda. A impermanência não é tão fácil de ser percebida. É preciso fazer um esforço constante para lembrar, contemplar, detectar a impermanência agindo em escalas maiores e mais sutis do que o evidente e cotidiano fluir do tempo. É por isso que, para facilitar, lembramos que em breve estaremos todos mortos. Fica mais fácil condensar a contemplação de todas as pequenas impermanências em duas: a própria morte e o esfriamento do sol.


Gustavo Gitti, um moço com um feeling supremo

segunda-feira, 25 de abril de 2011













Para os grandes, eu penso. E viro a cabeça pra pensar em outra coisa. É mais feliz gostar, amar é pra quem pode. Mas você ou a vida ou sei lá. Insiste. E então chega enorme. E só me resta rir que nem quando vejo um bebê muito pequeno e lindo. Você ri. Vai fazer o quê? É o milagre maravilhoso da vida e eu ficando brega e cheia de medo e cheia de vontade de te contar tantas coisas e nem sei se você gosta de ouvir meus atropelos. Muito amor. E então fico querendo não trair a beleza. Com você sinto a fidelidade de ser tranqüila. Um pacto de paz com o mundo. Pra não me afastar de você quando estou longe. E é impossível então que os martelos do apartamento de cima sejam realmente martelos. E é impossível que as chatices do dia sejam realmente sem solução. E os outros caras, aviso, olha, é amor. É amor. Ainda que eu quisesse, não consigo mais nem um centímetro pra você. Desculpa. O amor é terrivelmente fiel. Porque ele ocupa coisas nossas que nem existem nos sentidos conhecidos. É como tomar água morna depois de ter engolido um filtro inteiro de água geladinha. Ninguém nem pensa nisso. Muito amor. De um jeito que era mesmo o que eu achava que existia. E é orgânico dentro da gente ainda que vendo de fora não pareça caber. O corpo dá um jeito. Minha casca reclama mas incha. Tudo faz drama dentro de mim, ainda que nada seja realmente de surpresa. Sentir isso era o casaco de frio que sempre carreguei no carro. Cansado, abandonado, amassado, sujo, velho. Mas, de repente, tudo isso desistente tem serventia e a vida te abraça. O guarda-chuva do porta-malas. A bolsa falsa do assalto que minha mãe mandava eu ter embaixo do banco do passageiro. Sentir isso são os trocos que você guarda pra emergência. Amar grande é gastar reservas e ainda assim ter coragem pra dar o que não se tem. Amar grande é ter vertigem no chão mas sentir um chamado pra voar. Amar grande é essa fome enjoada ou esse enjôo faminto. É o soco do bem na barriga. É mostrar os dentes pra se defender mas acaba em sorriso. É o sal que carrego no fundo falso da bolsa pra quando eu não aguentar a vida. É o açúcar que carrego junto. É tudo que pode sair do controle. É meu corpo caindo. E as almofadas de várias cores pra me dizer que pode dar certo. É o desespero aconchegante.

Tati B.

sexta-feira, 22 de abril de 2011


 


"A grande questão que nunca foi respondida e que eu não posso responder, apesar dos meus 30 anos de pesquisa sobre a alma feminina é: o que quer uma mulher? " 

Sigmund Freud

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Fora do comum.


 

Queria que algum canto do mundo me acolhesse. E me abraçasse e dissesse que tudo bem, tudo bem de vez em quando eu perder assim a razão ou o equilíbrio. Eu queria que existisse um canto do mundo que nunca me dissesse "hey,Clara, você se expõe demais" e que me deixasse ser assim e apenas me deixasse ficar quietinha e quente quando o mundo resolvesse me magoar, porque eu sou briguenta, mas sou mais sensível que maria-mole na frigideira. Eu queria ir para um planeta onde não existisse tempo de beijar e tempo de pirar. E eu pudesse ir agora no seu mundo e te beijar até enjoar de você. E eu pudesse, de repente, gritar bem alto, porque me irrita esses milhares de sons tecnológicos que você faz. Para mostrar que meio mundo te procura enquanto eu não posso te procurar porque a cartilha da vovó que casou dizia que a mulher nunca pode procurar o homem se não quiser ser usada por ele.Eu queria mandar para aquele lugar a cartilha da vovó. E queria tirar essa voz do meu pai da minha cabeça, dizendo "minha filha, homem não gosta dessas coisas". Eu sei que sou exatamente o que 98% dos homens não gosta ou não sabe gostar (apesar de eles nunca me deixarem em paz). Eu falo o que penso, abro as portas da minha casa, da minha vida, da minha alma, dos meus medos. Basta eu ver um sinal de luz recíproca no final do túnel que mando minhas zilhões de luzes e cego todo o mundo. Sou demais. Ninguém entende nada. E eles adoram uma sonsa. Adoram. Mas dane-se. Um dia um louco, direto do planeta dos 2% de homens, vai aparecer. E que se dane a natureza gritando no meu ouvido que não posso ser assim. Que a boa fêmea sabe esperar nove meses, portanto deve saber esperar uma ligação ou um sinal de "pode avançar no joguinho". Eu não sei esperar nada. E a natureza gritando no meu ouvido que então, já que sou birrenta, vou ficar sem nada mesmo. Porque é preciso saber viver. Atiram a gente nesse mundo, nosso coração sente um monte de coisa desordenada, nosso cérebro pensa um monte de absurdo. E a gente ainda precisa ser superequilibrada para ganhar alguma coisa da vida. Como se só por estar aqui, aturando tanta maluquice, a gente já não devesse ganhar aí um desconto para também ser louco de vez em quando. Quem é essa natureza maluca, quem é esse mundo maluco? Quem são esses doidos que exigem tanta certeza e tanta "finesse" e tanta postura da gente? E eu queria te beijar até enjoar. Porque eu só sei curar uma vontade de me entorpecer de alguém quando sugo a pessoa até a última gota. O problema é que, nesse mundo sem graça com celulares que apitam e mensagens no Messenger que apitam e policiais mentais que apitam "hey,Clara, segura a onda, não deixe ele perceber que pode comandar seu coração mole", ninguém mais sabe nem sugar e nem ser sugado até a última gota. Fica uma droga de um joguinho superficial de trocas superficiais. E ai de quem resolva sair disso. Vai ser tachado de louco de pedra. Maluco. E as meninas sonsas se dando bem, e eu dormindo abraçada com o travesseiro sem dono da cama de casal. Queria que ao menos algum canto do mundo me acolhesse. E me abraçasse e dissesse que tudo bem, tudo bem de vez em quando eu perder assim a razão ou o equilíbrio. E repetir e repetir e repetir o erro. E jurar que da próxima vez eu serei normal. E jurar que da próxima vez eu obedecerei a natureza, meu pai, a cartilha da vovó ou as meninas sonsas. E virar a rainha dos 98% de homens que não sabem o que fazer com uma pessoa que nem eu. E depois chutar todos eles, porque no fundo tô pouco me lixando pra essa maioria idiota. Pode até ser meio solitário correr contra a maré, mas como é gostoso olhar a multidão do outro lado e enxergar todo mundo pequenininho.

Tati Bernardi.Adaptado (:

terça-feira, 19 de abril de 2011


 


A gente abusa das mãos dadas no cinema, ainda mais quando chove ou faz frio. O ombro dele é meu, o meu é dele, e tudo vai bem assim já há uns bons meses. Ele faz coisas que eu curto, tipo não me deixar dirigir, dizer que eu tô linda quando acordo com a cara amassada, rir da minha bobeira. Eu faço coisas que ele gosta, tipo carinho na perna, achar a cara de bravo dele irresistível e apertar o bumbum dele. O homem que aparece e te busca em casa, abre a porta do carro, elogia sua roupa, escolhe os melhores ingressos, faz você morrer de rir, conversa sobre tudo, dá conselhos, cuida de você, sobe com você até seu apartamento, curte um som, dorme de conchinha, te abraça forte e… não te larga. Isso sim é querer, ao meu ver. É se sentir amada. É ter a melhor companhia do mundo, acreditem. Esse ser maravilhoso que mexe no meu cabelo, e paga pau pra mim, e me elogia, e me abraça, e me aperta e vem aqui em casa sempre tão perfumado e tomamos porre e falamos de tudo e... simplesmente é amor, e de repente é simples.'

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Desperate house writers.




Linda a combinação da camiseta de super homem com calça social. Ele tem cabelo moderninho daqueles que tornam o cafuné mais divertido e usa meia bonitas. Ele tem um cheiro bom daqueles que só melhoram conforme o perfume vai saindo. Testosterona jovial. Que homem se preocupa exatamente com as meias? O da minha vida, claro. Ele é o homem da minha vida. Mas ele tem só 20 e poucos anos e bebe mais que o Zeca Pagodinho! Dane-se. Essa boquinha pequena dele, com esse biquinho de mau humor, tem o tamanho certo para aquela minha outra boquinha sempre em crise. O ombro é largo e dá pra dormir uma tarde inteira ali. É ele. É ele! Ops. Ele acaba de falar que gosta mesmo é de balada no interior. Com os brothers. Lá as garotinhas são loucas pra descolar um urbaninho de Corsa. Droga. Achei que era dessa vez. Achou mesmo, sua louca? Um garoto de 23  anos que usa as meias que a mãe compra pra ele? Louca. Olha lá, olha lá! Amor das antigas pintando na área. Ele não passa um mês sem fazer contato com a nave mãe. No caso, eu. No caso a mulher mais desesperada que eu conheço pra ser mãe. Hormônios filhos da puta. Nem sei o que fazer com um bebê depois, nem quero fazer nada com ele. A não ser brincar um pouquinho, beijar a barrigona e depois largar ele lá na minha mãe e ir pegar o garoto da boquinha pequena.Só por uma noite. Uma noite já dá pra fazer um bebê? Fazer um bebê com outro bebê. Sua louca, maluca, depósito de hormônios enlouquecidamente solitários e inúteis. Olha lá o amor antigo pintando na área.Que você quer agora, heim tio? Ele diz que minha perna está grossa como nunca, depois diz que quer só um cafezinho e bater um papinho. E eu não vou não. Preguiça daquele gemidinho contido dele. Queria que ele berrasse. Queria que ele berrasse: casa logo comigo! Não vou mais te enrolar, coxuda! Casa logo comigooooooo! Ele é contido pra gostar, pra gozar, pra casar, pra cagar. Um dia ele explode. Tomara que nesse dia caia um pouco de dinheiro do céu. Pra alguma coisa alguém que só me enche há tantos anos tem que servir. Olha lá quem chegou. Abro a porta e ele fica meio sem graça. Ele sabe que veio aqui pra me pegar, eu sei que convidei ele pra ser pega. Mas a gente já conversou tanto sobre a fome humana e a guerra do horror, que nos vimos na obrigação de enrolar um pouco antes de virar animais. Ele mexe nos meus dvds e nos meus livros. Depois tá liberado mexer no pinto. A gente se ama tanto como amigo que beleza. É isso. Só queria ser amada. Só isso. Precisa casar comigo não, precisa me engravidar não. Basta me olhar assim, basta morrer de rir comigo. Basta me ler, me decifrar, ser intenso nesse minuto. Vamos todos morrer meus amores, vamos então morrer sabendo que demos vida a alguém. Ele me dá vida e quando vai embora, tudo fica pequeno. Mas isso não é uma declaração de amor. É só porque ele tem coisas grandes, se é que vocês me entendem. Opa, olha de quem chegou um e-mail. De mais um super bom partido que partiu antes do pôr-do-sol. Não some não, Clara. Some não. Aí eu apareço. Peraí, Clara. Não aparece tanto não, não aparece tanto que daí sou eu que sumo. Aí eu viro mais uma idiota transparente e aí sim arrumo um namorado pra chamar de meu. Odeio essa expressão "pra chamar de seu". Foda-se. Nem desapareço e nem apareço. Tampouco fico transparente porque não sou vaso decorativo daqueles que você bate palma e a florzinha dança. Eu apenas viro mais um fantasminha. Eu sei que apareço em muitos corredores no meio da noite. Bando de gente morna do cacete. Como diria Janis, I neeeeeed a man to loooove! Tá difícil, Joplin. Tá mais fácil essa dança maluca que eu inventei aqui pra dançar Prince. Adoro esse cara. Mas eu não dava pra ele não. Homem tem que dançar pra tirar sarro, jamais pra ganhar dinheiro. Mas eu dava pro Eminem. Todo mundo tem um defeito. O meu é esse: eu dava muito pro Eminem, de preferência em um dia que ele tivesse bem puto com a vida. Aliás, eu tenho dois defeitos: eu dava pro Justin também. Mulher é quase uma coisa perfeita. Mulher pra ser perfeita tinha que ter pinto. Homem pra ser perfeito tinha que tirar o pinto. Eita povo besta mas divertido.


Tati Bernardi.

Sou sua mas não posso ser.


 


Você virou parâmetro de comparação. Você virou o cara com quem eu comparo todos os outros. Com quem eu gostaria que todos se parecessem. Eu só olho pros outros caras procurando um cabelo tão lindo quanto o seu. Umas costas tão fortes quanto as suas. Um sorriso tão sincero nos olhos. Mas ninguém conseguiu essa façanha. Ninguém tem a sua boca fofa, a sua pele macia, o seu abraço quente. Ninguém é você e ninguém me basta tanto quanto você. Ninguém tem o seu jeito de me olhar. De falar meu nome. Ninguém tem esse cheiro. Ninguém me faz rir como você. Ninguém nunca me viu chorar com a alma tão aberta, com a cara tão pálida e o coração tão pequeno. Não consigo ser tão eu como quando estou com você. Você me conhece sem maquiagem, sem pudores, sem grana e até sem unha (lembra quando prendi o dedo no aparelho da academia e ela caiu?). Você conhece meu melhor e agüenta o meu pior. Você é tão eu que eu penso que é meu. Depois de você, os outros são os outros e só. Eu cito Kid Abelha. Aprendo a dançar forró (aprendo a dançar qualquer coisa, na verdade). Eu viro morena. Eu passo a noite em claro. Você vale qualquer mudança de planos. Você merece que eu tire férias só pra dormir e acordar do seu lado. Pra te ter suado. Você me leva pra lua, ida e volta em cinco segundos. Você me tira do ar, me deixa no chão. E você é essa pessoa do bem. Esse coração enorme. Pra quem eu nunca conseguiria mentir porque você lê meus pensamentos no fundo dos meus olhos. Você é o que faz tudo valer a pena. Você compensa qualquer esforço. Você vale o risco. Você me apetece. Me desafia. Me faz ir atrás. Ir além. Ir mais longe e querer mais. Você me apaixona. Me arranca pedaços. Me deixa de boca aberta. De coração na mão. Você é o que me faz levantar da cama de manhã cedo. Você é que me faz precisar de mais 36 horas no meu dia. Você me devolve a vontade de viver quando eu penso que tudo acabou. Você me tira de casa de madrugada. Você faz meu coração bater mais forte. Você me faz querer viver pra sempre. Você é o que me move. E agora eu quero patentear isso. Quero meus direitos autorais. Dá pra fazer várias cópias de você e espalhar pela cidade pra toda hora que eu precisar? Dá pra parar de mexer no seu computador pra eu ficar só te olhando? Dá pra ficar mais tempo me explicando qualquer coisa em que eu não vá prestar atenção porque sua boca se mexe tão suave que eu tenho vontade de mexer meu corpo inteiro junto com ela? Dá pra me olhar por mais um segundo (ou dois, se eu sobreviver ao primeiro)? Dá pra parar de ser tão tudo de bom pra eu conseguir achar graça em mais alguém? Dá pra ser só meu pra sempre?

Dá pra mandar eu parar de escrever sobre você porque eu tô ficando muito clichê?


Brena Braz.

domingo, 17 de abril de 2011

One LOVE.!





 






Eu sabia que estava sendo amada, talvez como nunca em toda a minha vida. Mas absolutamente incrível. Só ele conheceu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, peitos falsos, bundas falsas, bebidas, poses, frases de efeito, saltos altos, maquiagem e risadas altas. Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de nadar em lugares muito profundos, de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente. Só ele viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade, meu choro baixinho embaixo da coberta com medo de não ser bonita e inteligente. Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro do Picasso. Quero que ele veja o quanto mudei por causa dele. Não foi só o muque que ficou mais duro, mas minha autopiedade também aprendeu a ser menos molenga. Talvez meu amor tenha aprendido a ser menos amor só para nunca deixar de ser amor. Impressionante como a gente sofre por nada. Um cheiro que mexe com você, um jeito de olhar contido, uma idéia inteligente, várias na verdade. Não, não é nada disso, a gente sofre é pela impossibilidade. Ele sabe que você nunca será mais uma daquelas mulheres sem nome, com quem ele janta ou come, pra sentir de dentro da redoma de vidro um sol artificial. Ele sabe e afirma pra você, todos os dias, que você é e sempre será única pra ele. A verdade é que eu ainda acredito em nós. Seja ele, seja o homem que perde um segundo de ar quando me vê. Você segura minha mão e eu me sinto segura. E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto e jamais me perca e seja feliz. E entenda que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz. A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com as férias de janeiro e com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida. E do quanto você jamais vai encontrar uma mulher que nem eu nesses lugares deprê em que procurava. Porque eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou perdendo meu tempo por causa disso.


Tati Bernardi, adaptado.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A menor mulher do mundo.



 


Foi, pois, assim que o explorador descobriu, toda em pé e a seus pés, a coisa humana menor que existe. Seu coração bateu porque esmeralda nenhuma é tão rara. Nem os ensinamentos dos sábios da Índia são tão raros. Nem o homem mais rico do mundo já pôs olhos sobre tanta estranha graça. Ali estava uma mulher que a gulodice do mais fino sonho jamais pudera imaginar. Foi então que o explorador disse, timidamente e com uma delicadeza de sentimentos de que sua esposa jamais o julgaria: - Você é Pequena Flor.


Trecho de "A menor mulher do mundo" de Clarice Lispector, o preferido de L. F. Verissimo.

sábado, 9 de abril de 2011

 



Anote: apenas sentem-se agredidos aqueles que te invejam. A vontade oficial, a vontade santinha, a que não causa incômodo é a outra, a aprovada pela sociedade, a que não leva em conta o que vai no seu íntimo, e sim a opinião pública. É a vontade que todos nós, de certa forma, temos de mostrar para os outros que somos felizes, sem saber que para conseguir isso é preciso, antes, ter a "pior" vontade, aquela que faz você descobrir que ser feliz é ter consciência do efêmero, é saber-se capaz de agarrar o instante, é lidar bem com o que não é definitivo - ou seja, tudo. É com esta "pior" vontade de viver que você atrai os outros, que seu magnetismo cresce, que seu rosto rejuvenesce e que você fica mais interessante.

É uma pena que nem todos tenham a sorte de deixar vir à tona esta que Clarice Lispector chamou de a pior vontade de viver, que, secretamente, é a melhor."

Martha Medeiros

Manequim.







 




Desculpa minha maneira de dizer, assim, sem qualquer introdução ou motivo, mas você não mente bem. Quanto mais você tentou mostrar que não se importava comigo, mais deixou claro que toda a sua atenção da noite era pra mim.

Se dependesse de você, ficaríamos eternamente nos encarando sem chegar em lugar nenhum. Você se tornou o desafio perfeito e, confesso, sua embalagem prometia muito mais do que o produto realmente é. Fui eu quem cuidei da parte da atitude, da conversa, do momento certo. Acho muito cansativo ser responsável por tudo, então eu desisto de tentar te fazer humano. Pode seguir com sua falta de falta de vida, cheio de pose e frases prontas.

Não vou passar dias te observando só porque você é lindo calado, não vou deixar você me cercar a noite toda e depois ir embora só porque dessa vez eu não devolvi o olhar e você ficou sem saber o que fazer. Você não sabe conversar e eu sou um poço infinito de palavras, jogadas na sua cara, mostrando que a falta de conteúdo pode sim te afetar. Era muito fácil com aquelas garotas, não? Um pouco de álcool, o que você faz da vida, vamos fugir de todo mundo. Mas e alguém de corpo e alma? Aí você desiste, porque no dia seguinte não tem mais o que falar.

No fundo eu sou de mentira, assim como você. E não é uma identidade que nos tornará real. Falta em você algum brilho, alguma individualidade, algo que te faça especial. Em mim esse brilho sobra e eu saio por aí espalhando, como se fosse bonito se perder em todo mundo só porque meu corpo não é suficiente pra me abrigar. E nós seguimos sendo nada, sendo só rosto marcante e nome fictício, enquanto você não descobre que eu leio sua insegurança e me disponho a curá-la e eu tenho preguiça de dizer.

Vou deixar você procurar em todas o que você só vai achar em mim, mas não vou te esperar. Quando você perceber, será tarde demais. Mas eu deixo você olhar, porque você é lindo calado e eu falo para um plateia inteira. Se algum dia Manequim for objeto de palco, a gente se encontra.


Verônica H.

sexta-feira, 8 de abril de 2011



 



E a cena era patética, ler e reler a mesma mensagem várias vezes como se de repente ela fosse falar algo oculto, qualquer resquício de sentimento que mostre o quanto tudo ainda pode dar certo. É aquele falso desprezo, aquela importância enorme que damos aos retalhos, tentanto em vão juntar todos, é essa busca que completa todos os nossos dias e não importa o quanto tente, não há descaso para algo assim, não há descaso para o amor.


Camila Meneghetti
 

Eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido.

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Se há mágica em viver...


 


"Rouba a voz dele com um beijo e com o rosto sobre seu peito, pergunta se vai querê-la mesmo quando descobrir seus defeitos. Diz que com ele quer ter um filho e nada consegue tirar do coração a certeza de que será um bom pai. Mas insegura, encolhe o corpo, abraçando-o forte, e pede desculpa por ser assim boba. Ele fala baixinho ao ouvido que tudo bem, que se isso for bobagem, então, não teriam escapatória, seriam, sem pestanejar, um casal de bobos. Acarinha seus cabelos encaracolados e revela a grande vontade de ter filhos com nomes de poetas, tão bonitos quanto ela! Que sejam traquinos, risonhos e esbanjem a luz da felicidade mais pura! Sorrindo, naufragado nos olhos castanhos quase esverdeados dela, diz que não deve se preocupar com o amanhã, pois, de repente, seus defeitos poderão deixá-la ainda mais atraente. E juntos, deitados entre as flores coloridas do jardim, sentem a fragilidade voraz da vida e, por isso mesmo, resolvem ficar um pouco mais um sobre o outro, em amor."


Taciano



segunda-feira, 4 de abril de 2011


 




Sabe rir mole de bobeira? Sabe dançar idiota de alegria? Sabe dormir gemendo de saudade? Sabe tomar banho sorrindo para a sua pele? Sabe cantar bem alto para o mundo entender? Sabe se achar bonita mesmo de pijama e olheiras? Sabe ter ânsia de vômito segundos antes de vê-lo e ter fome de mundo segundos depois de abraçá-lo? Sabe não agüentar? Sabe sobrevoar o frio, o cinza, os medos, os erros e tudo que pode dar errado? Ele consegue fazer com que eu me perdoe por apenas viver sem questionar tanto.


T.B

 




A única coisa que ele quer é me ver bem, a única coisa que quer é me ter. E Deus, eu quero tanto ele, toda hora, todo momento. Então decidi algo que nunca tinha proposto a mim mesma, não vou perder ele, de maneira alguma.


Camila Meneghetti

domingo, 3 de abril de 2011














"O engenheiro sorriu e disse: claro, claro. Estavam naquela fase em que um dá de presente as vontades do outro. A melhor fase, diga-se."