Há dois anos eu não a conhecia. Passei 26 anos sem sequer imaginar alguém com esse nome, esse cabelo, essa voz, essas pernas, essa família, essa pele, esse mundo. Agora acabei de pegar a jaqueta dela, esquecida no quarto. Naturalmente, sem assombro, como se eu fosse passar o resto da eternidade ao lado dessa menina linda. A impermanência não é tão fácil de ser percebida. É preciso fazer um esforço constante para lembrar, contemplar, detectar a impermanência agindo em escalas maiores e mais sutis do que o evidente e cotidiano fluir do tempo. É por isso que, para facilitar, lembramos que em breve estaremos todos mortos. Fica mais fácil condensar a contemplação de todas as pequenas impermanências em duas: a própria morte e o esfriamento do sol.
Gustavo Gitti, um moço com um feeling supremo
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