domingo, 25 de abril de 2010

Seis e trinta.

Quando tudo começou eu era a novidade, e nem mesmo me importava, não fazia ideia do que isso significava. Eu era o desafio, eu era o novo, e ria - grande ironia - ria das tuas antigas meninas, que se desesperavam, e tentavam de todo jeito me derrubar, e te acorrentar. Eu ria, porque, mesmo te conhecendo pouco, sabia que não era assim que elas conseguiriam te ganhar. Não te levar a sério foi a minha salvação, e também a minha ruína. Pois, hoje, eu sou a piada. Hoje, eu que me desespero quando vejo o teu novo desafio. Quando vejo que sou eu a folha do calendário amassada no canto da gaveta, sou eu a foto de um tempo que já foi, sou eu a música que fica no fim do playlist. Eu ainda toco, eu ainda lembro, eu ainda mexo. Mas não tenho mais o gosto de vitória, aliás devo ter - vitória vencida, gasta, velha. Não se choque - falo isso sem um pingo de amargura, um pouquinho de mágoa, até de ciúmes, mas nenhuma amargura, garanto. Às vezes tu voltas, e tenta remendar, e tenta renovar as cores da nossa fotografia, por vezes acredito, é bobo, é ridículo, mas eu acredito na gente. Eu acredito que comigo tu sempre foi diferente. Eu acredito que as promessas que fizemos existiu tanto em ti quanto em mim. Mas posso aceitar, embora não sem decepção, que a tua hora não chegou. E que o teu novo desafio vai te encantar só e, somente só, por ser novo, que ela te faz rir, te instiga, te dá apelidos novos, sonhos novos, ideias novas, músicas novas, filmes novos, personagens novos, que ela, diferente de mim, não tem um histórico de longas conversas sérias, sobre ti, sobre mim, sobre nós dois - porque, sabemos, o nós existiu, e, não evaporou-se assim. Porque ela, diferente de mim, não te assusta por ter dado tão certo, por ser tão seguro, tão sério. Porque ainda tens medo. Tento, no máximo da minha humildade, e com o mínimo do sentimento que nutro por ti, ficar feliz com a tua nova historinha - sentimento este que, também sabemos, jamais foi a paixão des-me-di-da a qual estou habituada a viver -, que chegou mesmo a ser o mais próximo do que imagino ser amor, não o de abrir mão da vida e mover montanhas, mas, o amor de mesmo te querendo muito, te sentindo muito, ficar feliz por saber que tem alguém aí do teu lado quando eu não posso estar. Por ela estar te fazendo sorrir, quando, a nossa história ficou tão complicada que eu já não conseguia mais. Que bom que ela te dá coisas novas, que ela te entrete, te faz crescer. Me destes algo novo, algo limpo, simples e calmo, eu quis te preservar, sabes disso. Só espero que entendas que das minhas paixões eu sempre soube cuidar, sempre soube viver, até porque era só mesmo me perdendo que eu as vivia por completo, mas este sentimento, este que tu me ensinou, que tu me deu, este, eu ainda tô aprendendo a curar.

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