quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O silêncio das estrelas.


"Leve-me para onde seus olhos possam me proteger deste amargo e escuro desfiladeiro que se aproxima de meus passos cansados e desamparados de proteção. Por algum motivo, insisto em reinventar histórias adormecidas sobre o travesseiro. Algo encheu meu coração de sentimentos incompletos; pediram-me para não chorar: foi inevitável. O mês voando e a velha chama a queimar a derme novamente.
Agora que envelheço anos a cada dia, procuro a paz roubada reinante em minhas fantasias mais secretas. Onde esteve o tempo que deixava minhas feridas expostas ao sol? Crianças, acordem antes que seus sonhos se tornem tão breve quanto uma chuva de verão. Sigam seus erros a provocar tempestades por causas justas. Não se prendam as horas mortas, que enferrujam as engrenagens de nossos corações a cada gesto bom.
Perdi-me em curvas provocadas pelo meu insano medo de errar. Voltas incompletas e repetições em mesmo tom sobre as poucas migalhas envelhecidas em cima da mesa. Na sala de jantar, estranhos conversam banalidades. Eu, com o correr dos olhos, sigo a movimentação de fora. Um dia será apenas um breve relato. Um corte profundo na carne. Arcos de fogo cruzam o céu em chamas. Em poucos instantes, o cinza tornou-se vivo em mim. Com minhas flechas e relâmpagos, posso ver como serei no futuro. O desenho que se cerra em minhas vistas não é nada animador.
Passos incertos e a improvável certeza de um novo amanhecer. Lúcido, sei que não há nenhuma saída para estes labirintos imaginários e regressos para o lar depois da madrugada morta. Então, deixo meu cabelo crescer e tento esquecer tudo que aprendemos a nos acostumar sem duvidar. Nem todos os sonhos se perdem no ar. Conforme a madrugada se aproxima do final, ouço sua voz a entoar uma sutil melodia dourada. É a canção que não me acompanhará na manhã seguinte. Nada mais está escondido diante de suas retinas."

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