quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Visita ao cemitério.



 "...Nada foi em vão meu bem, te amei com toda a verdade que possuí. Fui pura em cada gesto, fui sincera em cada exagero, fui sua e só sua, com uma intensidade que achei que não conseguiria repetir com mais ninguém. Acontece que o tempo passou, e os últimos anos correram pra mim com um sabor mais amargo do que o de costume. Era o sabor da maturidade que chegava sorrateira e não pedia licença para entrar.
Nunca quis me livrar de você. Nem no auge da minha dor e raiva consegui desejar que o meu amor submergisse. Sabia que junto com ele iria embora a minha ingenuidade, a minha fé inabalável, a minha pureza, e infelizmente até a minha doçura natural.
Mas como eu disse, o tempo passou, e sem que eu notasse levou com ele o amor que eu sentia, e as marcas de uma adolescência tardia que eu teimava manter. Eu conheci outras pessoas... Algumas foram ruins, devo confessar, outras ainda melhores que os toques cheiros e sabores que eu idolatrava em você. Mas esses homens todos, me viam como uma mulher adulta, e você nunca conseguiu me enxergar assim.
Uma mulher, era o que eu havia me tornado, e era essa mulher que você conhecia agora, deitada ao seu lado. Não mais uma menina viciada em seus defeitos, não mais uma dependente de seu carinho, não mais uma mendiga de qualquer sinal de afeto. Agora uma mulher segura, experiente, decidida, nem melhor nem pior, apenas completamente diferente.
Precisava cair desse patamar mais alto do qual eu te coloquei. Devia livrar-se dessa segurança toda, que nunca foi tua, mas que eu fiz questão de embrulhar para presente e te dar.
"

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